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Tempo no Algarve

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20
Fev24

4231: Governo admite medidas mais gravosas para garantir reservas de água no Algarve

Tempo no Algarve

De acordo com a resolução do Conselho de Ministros, as possíveis medidas adicionais, que preveem um “grau mais elevado de contingência” podem ser implementadas após a reavaliação da situação de seca na região, que será feita no mês de junho.

 

“[…] O Governo reserva-se o direito, caso as medidas agora adotadas se revelem insuficientes, de, ao abrigo da Lei de Bases da Proteção Civil, […] declarar a situação de calamidade”, lê-se no documento.

 

O Algarve encontra-se atualmente em situação de alerta devido à seca e, caso haja uma declaração de calamidade, será possível estabelecer limites e condicionamentos à utilização de água em usos não essenciais, assim como medidas de racionalização nos serviços públicos de abastecimento de água, refere.

 

Ao mesmo tempo, adianta, “será prevista a possibilidade de acesso a outras fontes de abastecimento, estritamente necessárias para a realização das ações destinadas a restabelecer a normalidade nas condições de vida das populações”.

 

No mesmo sentido, o Governo poderá ainda determinar a utilização de captações de água, superficiais ou subterrâneas, pertencentes a entidades públicas ou privadas, pela concessionária do sistema multimunicipal de abastecimento de água e saneamento do Algarve, quando necessário, nos termos da Lei de Bases da Proteção Civil em vigor.

 

Em alternativa, pode ser considerada a declaração do estado de emergência ambiental conforme previsto na Lei da Água.

 

Por outro lado, entre 1 de junho e 30 de setembro, está suspensa a utilização da água da rede pública para a lavagem de veículos, exceto em estabelecimentos licenciados para a atividade comercial com sistemas de recirculação de água.

 

Segundo o Governo, a situação atual no Algarve “afigura-se particularmente crítica”, podendo haver uma eventual “rutura efetiva nos sistemas de abastecimento público” para consumo humano, caso se mantenha o uso de água nos níveis atuais.

 

“[…] Num cenário em que não sejam adotadas e implementadas medidas que garantam a preservação das reservas de água e na ausência de precipitação muito acima dos valores máximos ocorridos nos últimos seis anos, o fornecimento de água para consumo humano na região do Algarve ficará severamente comprometido”, refere a resolução.

 

A situação de alerta devido à seca no Algarve foi declarada pela Agência Portuguesa do ambiente (APA) em dezembro de 2023 e reafirmada em 25 de janeiro.

 

De acordo com a resolução do Conselho de Ministros, desde maio de 2022 que os níveis de armazenamento de água nas albufeiras da região do Algarve se situam abaixo dos 50%.

 

Atualmente, os níveis de armazenamento das águas subterrâneas “encontram-se extremamente baixos, com aproximadamente 84% das massas de água subterrânea apresentando volume armazenado abaixo do percentil 20, “sendo que, dessas, cerca de 48% estão em estado muito crítico”.

 

Os indicadores utilizados nos relatórios de monitorização agrometeorológica e hidrológica, indicam que as bacias das ribeiras do Algarve (barlavento e sotavento) se encontram em situação de seca hidrológica extrema desde junho de 2023.

 

“Esta situação permaneceu inalterada nos primeiros meses do ano hidrológico 2023/2024, que marca o início do semestre húmido”, refere.

 

A atual situação das reservas hídricas na região do Algarve, determina que “os usos atuais de água não poderão ser adequadamente satisfeitos com as reservas existentes” nas águas superficiais e subterrâneas, sustenta o Governo.

 

Fonte: Sapo 24

02
Fev24

4216: Municípios do Algarve aumentam tarifários de água entre 15 a 50% a partir do 2.º escalão

Tempo no Algarve

A Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL) decidiu hoje aumentar entre 15 a 50% o preço da água para consumo urbano no Algarve, medida a aplicar a partir do segundo escalão de consumo.

 

Os aumentos dos vários escalões de consumo aplicados de forma diferenciada a partir de março resultam de um "instrumento proposto" pela Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR), disse aos jornalistas o presidente da AMAL, António Pina, no final de uma reunião daquela entidade.

 

O presidente da associação que integra os 16 municípios algarvios, detalhou que o primeiro escalão não terá qualquer aumento, sendo aplicado um aumento de 15% ao segundo escalão, "ou seja, um aumento igual ao que se pede para poupar no consumo".

 

No terceiro, o aumento é de 30% e de 50% no quarto e último escalão.

 

Ao consumo não doméstico - hotelaria, comércio e indústria - vai ser aplicado um aumento de 15%.

 

Segundo António Pina, a medida decidida pela AMAL "é um instrumento de sensibilização adicional", para penalizar quem consume mais água.

 

"Apesar de todas as outras formas de comunicação que têm vindo a ser utilizadas, o consumo urbano no primeiro mês deste ano continua a aumentar em relação ao mês homologo do ano anterior", apontou.

 

O também presidente da Câmara de Olhão lamentou que as pessoas ainda "não estejam consciencializadas e a contribuir" para a redução do consumo de água, num momento em que é preciso o esforço de todos para enfrentar a escassez hídrica no Algarve.

 

"Claro que nem todos [os municípios] concordam, porque alguns já têm níveis de eficiência superiores", notou o autarca.

 

Contudo, adiantou, todos perceberam que perante esta incapacidade em se poupar água, "é de facto preciso chocar de alguma maneira".

 

"Este é um dos instrumentos que estão disponíveis, mas em breve virão outros", avisou.

 

Fonte: RTP Notícias

17
Jan24

4211: Algarve vai ter cortes de água de 25% na agricultura e de 15% no setor urbano

Tempo no Algarve

Em conferência de imprensa, realizada após uma reunião da comissão que acompanha os efeitos da seca, em Faro, Duarte Cordeiro classificou a situação na região como sendo grave e apelou ao empenho de todos os setores para garantir que as reservas de água chegam ao próximo ano.

 

“Se nada fosse feito relativamente à moderação do consumo, chegaríamos ao final do ano sem água para abastecimento público” no Algarve, referiu o governante, que presidiu àquela reunião com a ministra da Agricultura e da Alimentação, Maria do Céu Antunes.

 

Na reunião da Comissão Permanente de Prevenção, Monitorização e Acompanhamento dos Efeitos da Seca, que durou quase quatro horas, foram decididos cortes menores que os que estavam inicialmente previstos para a agricultura, que se estimavam 70%.

 

Fonte: SAPO24

30
Dez23

4198: Água das barragens do Algarve só chega para oito meses

Tempo no Algarve

Sob as barragens exauridas, os canais de rega secos e os pomares de citrinos e de abacates, correm rios e riachos que formam consideráveis massas de água armazenadas entre as rochas. O Algarve tem 17 aquíferos no subsolo. "São verdadeiras [barragens do] Alqueva debaixo dos nossos pés", segundo o hidrólogo José Paulo Monteiro, que hão de abastecer a rede pública quando as barragens se esgotarem. Mas estas reservas estratégicas também estão a ficar em "estado crítico".

 

São Pedro distribui a chuva ao calhas, como um louco, sem critério. É ao deus-dará. No Norte e no Centro do país, onde as chuvas de finais de outubro e princípios de novembro tinham chegado para encher seis albufeiras, voltou a chover a cântaros em dezembro. As barragens da Serra Serrada e de Vilar-Tabuaço, no Douro, a da Lagoa Comprida, no Mondego, as de Belver, Capinha e Cova de Viriato, no Tejo, todas já fartas de água e saciadas, abriram comportas para deixarem correr o excesso - enquanto no Algarve a chuva a conta-gotas nem deu para molhar as seis barragens da região, que continuam de língua de fora a arfar de sede.

 

As barragens algarvias -- Bravura, Odelouca, Arade e Funcho, no Barlavento; Odeleite e Beliche, no Sotavento -- estão a menos de um quarto da capacidade da capacidade, segundo os relatórios da Agência Portuguesa do Ambiente (APA). Não terão, por junto, mais do que 34 hectómetros cúbicos de água, o equivalente a 34 mil milhões de litros. Até parece um mar imenso e inesgotável. Mas é uma poça -- uma pequena poça para as necessidades das torneiras. "Dá para abastecer a rede pública durante uns oito meses", diz ao Diário de Notícias (DN) o professor Nuno Loureiro, investigador da Universidade de Faro.

 

O Concelho de Silves, com três mil hectares de regadio, dá terra à maior parte dos laranjais algarvios. Daqui saem anualmente cerca de 150 mil toneladas de laranjas, metade de toda a produção do Algarve -- e o Algarve, segundo o Instituto Nacional de Estatística, contribui com quase 90 por cento do total das 350 mil toneladas de todo o país. Os pomares precisam de sol e não passam sem beber. Calor não lhes falta, mas a água é cada vez mais escassa.

 

João Garcia, presidente da associação de regantes, olha para os pomares verdejantes com medo do que pode estar para vir. Não é preciso ser bruxo para adivinhar a desgraça da seca. O céu limpinho de nuvens e o sol sorridente não prenunciam nada de bom. Já foi tempo em que chovia mais no Barlavento algarvio, de Sagres a Albufeira, e menos no Sotavento, de Loulé a Vila Real de Santo António. Agora, é ao contrário. Nos finais de novembro, caíram abençoadas bátegas a Sotavento e pingas envergonhadas a Barlavento. As barragens de Odelouca e do Arade, donde vem a água que rega os pomares de Silves e de Lagoa, continuaram em baixo -- de tal maneira vazias que a Agência Portuguesa do Ambiente decidiu suspender a rega. Dali não sai uma gota para a agricultura. A prioridade é acautelar o abastecimento público.

 

Cada hectare de laranjal, o equivalente a um campo de futebol, pede entre seis mil e 6500 metros cúbicos de água por ano -- seis ou 6,5 milhões de litros, de janeiro a dezembro. A rega tem sido tão parcimoniosa que, este ano, a produção de laranjas das variedades da primavera e do verão -- Lane Late, Valência e Dom João -- caiu para metade. "Há pomares que já perderam muitas laranjeiras. As árvores secaram e morreram. Outros, alimentados por furos, estão em regime de sobrevivência: recebem apenas a água necessária para que as árvores não morram, embora pouco ou nada produzam, na esperança de que chova e possam ser recuperadas", diz João Garcia.

 

Os regantes de Silves ainda conseguiram regar até finais de novembro. No vizinho Concelho de Lagos, na zona de Odiáxere, a água é uma memória antiga. Há três anos que os beneficiários da Barragem da Bravura -- uns 1800 hectares de regadio -- não têm uma gota de água a correr nos canais de rega. A albufeira da barragem parece o fundo de um alguidar e as suas margens são hoje autênticas ravinas áridas e pedregosas. A água acomodada lá em baixo, tão pouca que só pode ser retirada com uma bomba de sucção, está destinada à rede pública.

 

As chuvadas de outubro, resultado das depressões Aline e Bernard, até foram animadoras. Bateram forte. Mas passaram depressa. Partiram tão depressa como chegaram. Não deixaram mais do que 100 mil metros cúbicos (100 milhões de litros) de água na barragem da Bravura. "Deu para duas semanas de abastecimento público", diz o presidente da associação de regantes, António Marreiros. Nem uma pinga desta água foi para rega. Os pomares de laranjas têm sobrevivido à sede graças a dois furos, abertos na zona de Torre, emprestados pela Câmara de Portimão.

 

A paisagem ao redor dos canais de rega da Bravura está a mudar. Os tradicionais laranjais estão a ser velozmente substituídos por uma nova cultura permanente - abacates. As plantações, regadas a partir de furos até aos aquíferos subterrâneos, estendem-se de Odiáxere ao Concelho de Vila do Bispo. São árvores odiadas pelos ambientalistas. Apontam-lhes um pecado mortal: bebem muita água -- a água que o Algarve não tem. É mais a fama que o proveito.

 

Macário Correia, que o país conheceu como um empenhado secretário de Estado do Ambiente, é agrónomo de formação e agricultor. Os abacateiros não lhe tiram o sono. "Não é verdade que consomem as carradas de água que dizem", garante. Bebem, quanto muito, "mais 10 por cento que um pomar de citrinos", entre 6,6 milhões e sete milhões de litros anuais por hectare. Mais gota, menos gota. A tendência é que bebam cada vez menos água. A Universidade do Algarve, em colaboração com a Direção Regional de Agricultura, está a levar por diante um estudo para promover a rega mais eficiente dos pomares de culturas de regadio.

 

Mas os beberolas dos abacateiros têm uma vantagem: dão mais rendimento aos agricultores. O mercado, segundo Macário Correia, "está a pagar as laranjas aos produtores a uma média de 20 cêntimos o quilo e os abacates a cerca de dois euros". Ele dedica-se aos citrinos -- laranjas, tangerinas e limões -- e à alfarroba. Das suas terras de família, nos arrabaldes de Tavira, não sai um único abacate. Mas os terrenos com esta fruta estão a crescer no Algarve. Estendem-se por 2600 hectares, números da Direção Regional de Agricultura, e já representam oito por cento de toda a área agrícola da região. O negócio parece compensador. Um estudo encomendado pela União Empresarial do Algarve demonstra que as atuais plantações de abacateiros, quando atingirem o esplendor da produção, vão gerar 40 milhões de euros para a região.

 

O Produto Interno Bruto do Algarve, de acordo com os dados da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional, anda à volta dos 10 mil milhões de euros. O maior contributo vem do turismo. A agricultura vale cerca de nove por cento da riqueza: cerca de 900 milhões de euros. Ocupa cerca de 32 500 hectares, boa parte com citrinos, maçãs, peras, abacates -- pomares que reclamam água. As barragens estão esgotadas. Até os regadios do Sotavento, oito mil hectares servidos pelas barragens de Odeleite e de Beliche, ficaram sem pinga no início de dezembro. "Não há água para iniciarmos a campanha do próximo ano", lamenta Macário Correia, presidente da associação de regantes.

 

Os agricultores, à falta de águas superficiais, recorrem à água do subsolo. Estão licenciadas 6765 tomadas de água por todo o Algarve, entre furos, poços e noras, segundo o Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos. Mas ninguém sabe quantos são os furos ilegais. José Paulo Monteiro, hidrólogo, professor do Centro de Ciências e Tecnologias da Água da Universidade de Faro, calcula que "existem no Algarve, região com uma área de 5400Km2, entre 20 mil e 25 mil furos".

 

Nuno Loureiro, investigador da Universidade de Faro, exige "planeamento e fiscalização" para impedir que "cada um faça o que quer com um bem escasso que é de todos". Não será difícil fiscalizar e pôr ordem nos furos. As imagens de satélite, que tudo observam, podem dar uma ajuda.

 

Nuno Loureiro conhece, como poucos, o Algarve visto do espaço. Trabalha na construção de um mapa moderno que deverá estar finalizado no próximo mês de fevereiro. Veremos, então, até ao ínfimo milímetro qual é a verdadeira extensão do regadio no Algarve. Os satélites têm-lhe mostrado "um acréscimo" das áreas regadas ao longo dos tempos: "As imagens da década de 80 do século passado mostram como é pequena a mancha dos citrinos na zona de Silves e como é modesta toda a zona a norte e a sul da Estrada Nacional 125, entre Tavira e Vila Real de Santo António. Se formos buscar imagens recentes, dos anos de 2018, 2020, 2022, vê-se que cada vez cresce mais e cada vez se rega mais." O verde não engana. Pode ver-se se uma vegetação está a ser regada -- e essa informação, cruzada com as possíveis fontes de água, chega para detetar os furos ilegais.

 

Este método da cartografia por satélite, segundo Nuno Loureiro, "permite fiscalizar a utilização da água, mas não está a ser utilizado pelos decisores políticos e técnicos, e tem de começar a ser". Mesmo que este inverno seja um bocadinho mais generoso com a chuva, isso "pode atenuar a dor, mas não é remédio" para o problema que a região enfrenta - e o problema, resume o cientista, é bicudo: "O Algarve consome mais água do que aquela que tem disponível."

 

Por debaixo dos nossos pés, sob as barragens exauridas e os canais de rega secos, correm rios e riachos que formam consideráveis massas de água armazenadas entre as rochas. O Algarve tem 17 aquíferos no subsolo -- "são verdadeiras [barragens do] Alqueva", diz ao DN o hidrólogo José Paulo Monteiro. Mas estas reservas estratégicas "estão a ficar em estado crítico", porque a seca e a falta de precipitação está a impedir que sejam recarregados. O mais importante -- delimitado por Querença, no Concelho de Loulé, Faro e Silves -- já conheceu uma "capacidade de recarga da ordem dos três milhões de metros cúbicos por ano". Foi tempo. O nível de água está a descer tanto que a água salgada do mar já começou a infiltrar-se. Os outros não estão melhores. Salva-se o que está localizado nas profundezas da terra entre Almádena e Odiáxere. A natureza aprisionou-o entre rochas e cortou-lhe o caminho para a costa.

 

O Algarve consome uma média de 237 hectómetros cúbicos de água por ano, o equivalente a 237 mil milhões de litros. Mais de metade, quase 129 hectómetros, vem dos aquíferos -- água que serve para tudo: abastecimento público, regra dos pomares e dos campos de golfe, enchimento de piscinas... "Estas reservas estão a ficar no vermelho", alerta o professor Nuno Loureiro.

 

A Agência Portuguesa do Ambiente, devido à seca, não autoriza novas captações nos aquíferos que se encontram em situação crítica. A lei estabelece critérios para o licenciamento de um furo. Um deles é fixar uma quantidade máxima de água que pode ser extraída. "No caso da rega, por exemplo, o volume tem a ver com a área do pomar ou com a área do campo de golfe", diz José Paulo Monteiro. Mas isso é tudo muito bonito no papel. "Não há maneira de controlar o que cada um tira", garante. Há, ainda, outro problema que dificulta o controlo da captação das águas dos aquíferos. "Em Portugal, as águas subterrâneas são privadas. O dono do terreno é o dono das águas", diz o investigador da Universidade do Algarve.

 

A propriedade da água do subsolo, se é publica ou privada, preocupa António Pina, presidente da Câmara de Olhão e da Comunidade Intermunicipal do Algarve. "A água é de todos. Não faz sentido que seja uma coisa privada. O regime legal tem de ser clarificado. Perante as dificuldades que vamos enfrentar, com o agravamento da escassez, a lei tem de ser alterada com urgência para salvaguardar um bem que pertence a todos."

 

Os regulamentos obrigam a que os grandes consumidores de água subterrânea tenham contadores nos seus furos. "A maior parte não tem e não creio que haja fiscalização", diz António Pina. O preço da água tirada dos aquíferos é "irrisório", segundo uma fonte da Agência Portuguesa do Ambiente que prefere não ser identificada. A taxa é fixada com a emissão da licença do furo e em função do volume de água autorizada. No caso do golfe, por exemplo, o preço para um campo de 18 buracos não vai além dos 1500 euros por ano.

 

O turismo, a locomotiva da economia do Algarve, pretende reutilizar as águas residuais para regar golfes e jardins. Mas o que está a ser feito, segundo António Pina, é pouco mais do que uma "gota do volume de efluentes tratados que poderia ser reaproveitado". O presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve, José Apolinário, confia na capacidade dos grupos hoteleiros de "acelerarem o processo" de aproveitamento das águas das estações de tratamento: o "objetivo é chegar ao final deste ano com, pelo menos, 16 por cento dos efluentes reutilizados", diz ao Diário de Notícias.

 

O Plano de Resiliência e Recuperação (PRR), a célebre bazuca europeia, tem 240 milhões de euros para investimento em obras que permitam ao Algarve enfrentar a escassez de água. Os planos, para o professor Nuno Loureiro, pecam por tardios.

 

O Algarve não vive uma situação de seca. É muito pior do que isso. O investigador, de tanto olhar para os registos da pluviosidade, já conhece de cor a quantidade de chuva caída na região nos últimos 20 anos: "A seca é um episódio conjuntural, com um princípio e um fim que se pode facilmente delimitar no tempo, em que há um decréscimo de precipitação a que se segue uma subida da precipitação. O que nós temos é uma curva que está a decrescer e nunca mais reverte." A curva, sempre a descer, indica um caminho assustador. "Observamos quebras na pluviosidade e nas reservas de água há já duas décadas e, mais do que episódios pontuais de seca, o Algarve encadeia anos de fracas pluviosidades e já está em desertificação", diz o professor Nuno Loureiro.

 

O plano de investimentos para que a água não falte nas torneiras prevê a melhoria da rede de abastecimento urbano -- para evitar a perda de mil milhões de litros ano --, a modernização da rega agrícola, a utilização de tecnologia para fiscalizar os furos, a reutilização de água residual tratada, a construção de uma central dessalinizadora e a captação de água no Guadiana, na zona do Pomarão, e canalizá-la para a Barragem de Odeleite através de 75 quilómetros de canais a céu aberto.

 

Tudo isto, segundo Nuno Loureiro, já devia estar concluído há pelo menos 10 anos. A central de dessalinização, que será construída em Albufeira, ainda não saiu do papel. O transvase entre o Pomarão e Odeleite também continua, como manda a lei, em discussão pública. Macário Correia junta ao plano a construção de mais duas barragens - a da Foupana e a de Alportel, ambas no Sotavento. "É preciso reter a maior quantidade de água possível e evitar que ela desapareça no mar", diz.

 

Nuno Loureiro só tem a certeza de uma coisa: o Algarve está em desertificação - e "não vejo planos a longo prazo, uma solução pensada para se saber onde vamos buscar água daqui a 20 anos". Anda tudo devagar. A construção de uma única central dessalinizadora, tal como está previsto, é pouco: "São precisas duas ou três."

 

Se a dessalinização for como a história do aeroporto, o Algarve morre de sede. A não ser que São Pedro mande chuva a cântaros que encha barragens e recarregue aquíferos. Caso contrário, será preciso ir às reservas subterrâneas, as "Alquevas debaixo dos nossos pés", para que a água não falte nas torneiras.

 

Fonte: DN

05
Nov23

4179: Seca: Próxima crise no país vai ser a da água e afetará mais Algarve e Alentejo

Tempo no Algarve

“Por um lado temos a crise na saúde, que enche os noticiários no dia-a-dia, é dramática e é uma crise de falta de planeamento. Temos a crise da habitação, que agora está um pouco menos falada porque estamos ocupados com o que se passa na Palestina e na Faixa de Gaza, e vamos ter a muito curto prazo a crise da água”, afirmou o investigador da Universidade do Algarve (UAlg).

 

Nuno Loureiro advertiu que, se este ano hidrológico não for “generoso”, no próximo ano, a crise da água “vai estoirar à força toda” e afetar especialmente os territórios Do Alentejo e Algarve.

 

“As reservas que temos já não nos garantem um ano [de consumo], ou garantem com muitas limitações. E perante esta situação não há respostas fáceis, não há soluções fáceis, mas há soluções que têm de ser adotadas e que passam por um planeamento e uma fiscalização séria”, defendeu.

 

A mesma fonte reconheceu que, entre as áreas de atuação para tornar o consumo de água mais sustentável, está o consumo doméstico e esse “gere-se pelo preço, não se gere com campanhas cor-de-rosa”, de publicidade.

 

O investigador, que conta com estudos na área dos recursos hídricos, disse que a gestão faz-se também com “coisas completamente impensáveis no Algarve atual”, como é, por exemplo, a “propagação de piscinas privadas”, que classificou como um “absurdo” num cenário de escassez de água.

 

“Toda a gente tem uma piscina, uma piscina é um volume de água considerável(…) É um consumo de água privado, é um desperdício de água privado, que não traz contrapartidas absolutamente nenhumas”, defendeu, frisando que se pode dizer que a “agricultura gasta muito ou gasta pouco, mas produz alimentos, produz emprego”.

 

Nuno Loureiro apelou para um maior planeamento e fiscalização, através da utilização de ferramentas como, por exemplo, as imagens de satélite, que mostram um “acréscimo das áreas regadas no Algarve ao longo do tempo”.

 

“Se for buscar imagens dos anos de 1980, vê-se como é pequena a mancha dos citrinos de Silves, vê-se como toda a zona a norte e a sul da [Estrada Nacional] 125 entre Tavira e Vila Real de Santo António é modesta. Nos anos recentes, se formos buscar imagens de 2018, 2020, 2022, vê-se que cada vez cresce mais e cada vez se rega mais”, acrescentou.

 

Esta ferramenta permite “fiscalizar criteriosamente a utilização da água” e não está a ser utilizada pelos decisores técnicos e políticos de forma adequada, mas “tem de começar a ser”, defendeu.

 

“Esta imagem de satélite permite, utilizando as diferentes bandas de imagem, caracterizar perfeitamente o estado hídrico da vegetação”, acrescentou o investigador.

 

Pode ver-se, por exemplo, se uma vegetação “muito satisfeita de água está a ser regada” e essa informação pode cruzar-se com “as possíveis fontes de água, entre as quais os furos ilegais” ou “as barragens que não podem regar, mas continuam a regar ou as culturas continuam a ter água”.

 

Nuno Loureiro considerou que estas ferramentas “têm de começar a ser utilizadas porque o assunto é muito sério” e, “mesmo que este inverno chova um bocadinho mais, pode atenuar um pouco a dor mas não é remédio” para o problema que a região se enfrenta.

 

Fonte: SAPO24

01
Jun23

4067: Governo reforça medidas para seca no Algarve mas garante que não faltará água nas torneiras

Tempo no Algarve

O Governo indica que 36% do território se encontra em seca severa ou extrema, sendo que o Algarve e Alentejo são as zonas que suscitam maiores preocupações. As novas medidas, decididas esta quinta-feira, incidem sobretudo sobre o Sotavento algarvio.

 

Na barragem de Odeleite vai ser imposta a redução da cota de água para uso agrícola e para os campos de golfe em 20%. No caso de os campos de golfe terem capacidade para reutilização de água, a limitação sobe para os 50%.

Em paralelo, vai ser criada uma task force” para rever os títulos de utilização dos recursos hídricos que foram atribuídos, e é imposta uma redução de 15% do consumo de água de massas subterrâneas. Vai ser iniciada em meados de junho uma campanha no Algarve dedicada à moderação do consumo de água, dirigida a todos os cidadãos, e que deverá ser alargada, posteriormente, ao resto do país.

 

Estas medidas resultam da 14.ª reunião da Comissão Permanente de Prevenção, Monitorização e Acompanhamento dos Efeitos da Seca. De acordo com os dados que foram partilhados nesta mesma reunião, os níveis de água nas barragens estão em melhor situação do que no ano passado, nos 79%, e acima dos níveis de Espanha, que se ficam pelos 48%. Em resposta aos jornalistas, garantiu que a Convenção de Albufeira (acordo entre Portugal e Espanha relativo aos níveis de água) está a ser respeitada.

 

No entanto, “a situação é assimétrica no país e, em detalhe, o Alentejo e Algarve são as situações que mais nos preocupam”, afirmou Cordeiro, justificando desta forma o destino das medidas. No Norte e Centro, por exemplo, entende que por agora não é necessário avançar com restrições ao nível da produção de energia elétrica nas barragens, à semelhança do que aconteceu no ano passado. E foi mais longe: “Dou a garantia de que não faltará água nas torneiras este ano“.

 

O ministro acrescentou que esta sexta-feira irá reunir com a associação de municípios do Algarve e nessa ocasião deverá ser assumido o compromisso, por estes municípios, de não aumentar o consumo de água este ano em relação ao ano anterior.

 

Nesta sede, o Governo recomendará a redução da água que é usada na rega dos espaços verdes e a eliminação de lavagem de equipamentos, exceto contentores.

 

Duarte Cordeiro aproveitou para anunciar que estão a ser ultimadas alterações à Lei da Água, por iniciativa do regulador do setor, no sentido de reforçar o enquadramento legal para as decisões tomadas no âmbito da limitação de utilização da água no contexto de seca. O objetivo é “fortalecer a capacidade de tomar decisões”, disse.

 

250 milhões focados na pecuária e cereais

A ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, aponta um “problema sério” nos sistemas extensivos de sequeiro, já que as chuvas não têm sido suficientes para repor o nível de água no solo. “Sabemos que os pastos não se desenvolveram ou já foram consumidos. Logo, os agricultores têm de adquirir alimentos a preços muito mais caros“, explicou.

Nesse sentido, o acesso ao pacote de apoio de 250 milhões da Comissão Europeia, solicitado esta terça-feira, vai priorizar a “pecuária extensiva e cereais, mais afetados com esta matéria”.

 

Fonte: ECO

16
Mai23

4060: Aumento da área agrícola no Algarve pode ser suspenso em breve

Tempo no Algarve

O presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL) está convencido de que a continuação da situação de seca extrema na região vai levar muito em breve as autoridades a suspender temporariamente o aumento da área agrícola.

 

“Temos provavelmente de ponderar se nos próximos tempos, enquanto estivermos nesta situação de seca extrema, não temos também de suspender o aumento da área agrícola temporariamente”, disse António Miguel Pina à agência Lusa.

Para o também presidente da Câmara de Olhão, “não é compreensível”, quando se olha para o nível de água no subsolo e para os níveis de água nas albufeiras, que continuem a aumentar as áreas de produção agrícola.

"Acho que vamos ter de chegar aí. Não há mais água, ponto.”

António Pina

AMAL

Esta medida, que “tem de ser tomada pelo Governo”, será, segundo este responsável regional, acima de tudo, para proteger os produtores que já existem.

 

“Isto tem de ser uma reflexão conjunta. Acho que vamos ter de chegar aí. Não há mais água, ponto”, enfatiza António Miguel Pina.

 

Na perspetiva do presidente da associação que representa os 16 municípios do Algarve, a medida será, “com certeza”, tomada ainda este ano, “a não ser que venha aí uma surpresa divina, que é uma chuva em maio”.

 

“Nós não temos água. Não vamos ter mais água nos próximos tempos. Não havendo água, não pode haver consumo no sistema urbano, no golfe e na agricultura”, insiste. “Não vejo outro caminho”, acrescentou.

 

Estas questões foram abordadas numa reunião que teve lugar na segunda-feira entre os autarcas algarvios, a empresa Águas do Algarve e a Agência Portuguesa do Ambiente (APA).

 

No encontro, foi passada em revista a situação hídrica no Algarve e apresentados os resultados das medidas de luta contra a seca que foram tomadas pelos municípios em 2022.

 

Segundo António Miguel Pina, daqui a duas semanas haverá uma nova reunião em que será apresentado um conjunto de medidas contra a seca que deverão ir “no mesmo sentido” das tomadas no ano passado, quando foram encerradas as piscinas municipais, em agosto, e limitada a rega de espaços públicos.

 

Vamos também tentar “perceber se não temos de ir, em conjunto todos, mais longe […], quando apresentarmos essas propostas de medidas”, disse o presidente da AMAL.

 

Entre outras medidas que estão a ser ponderadas, está o aumento das tarifas para “os consumidores domésticos não responsáveis”, assim como o aumento das tarifas nos municípios “que não sejam eficientes no seu uso”.

 

“Os municípios têm de dar o sinal, mas depois podemos exigir que não é possível que os campos de golfe que já possam ser servidos por águas residuais continuem ligados ao sistema agrícola”, afirmou o autarca.

 

António Miguel Pina referia-se a vários campos de golfe na região que já podiam comprar águas residuais às Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR), mas continuam a abastecer-se de águas do sistema agrícola a cerca de metade do preço.

 

Para o autarca, os campos de golfe “têm margem nos seus lucros para o fazer”, isto é, comprar a água mais cara às ETAR. António Miguel Pina é também da opinião que o aumento do consumo de água devido ao aumento dos turistas tem de ser “compensado” com medidas de poupança.

 

Os 16 presidentes de câmara do Algarve decidiram em julho do ano passado o encerramento das piscinas municipais públicas durante o mês de agosto, medida que foi prolongada até final de setembro, com exceção das piscinas abertas nos territórios mais do interior.

 

O Conselho Intermunicipal aprovou ainda, na mesma altura, o encerramento das fontes ornamentais, a redução dos dias de rega e a paragem da rega dos espaços verdes públicos relvados com reconversão por espécies autóctones e com necessidades menores de disponibilidade hídrica. Algumas destas medidas ainda se encontram em vigor.

 

Fonte: ECO

21
Abr23

4047: Seca: Governo propõe aos municípios do Algarve criação de taxas turísticas

Tempo no Algarve

“Recomendamos para os territórios com mais pressão, nomeadamente o Algarve, que os municípios desenvolvam taxas que possam reverter para a sustentabilidade ambiental dos territórios, como investimento em água, conservação da natureza ou gestão de resíduos”, disse o ministro do Ambiente e Ação Climática, Duarte Cordeiro.

 

A recomendação foi feita numa conferência de imprensa com a ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, após uma reunião de cerca de duas horas da Comissão Permanente de Prevenção, Monitorização e Acompanhamento dos Efeitos da Seca (CPPMAES).

 

Assinalando que o Alentejo e o Algarve estão já a sofrer de seca severa e seca extrema, os dois governantes anunciaram medidas para minimizar o problema, tendo Duarte Cordeiro recomendado, como já tinha feito no ano passado, que os municípios “desenhem tarifários inteligentes”, para que quem consome mais água pague mais.

 

Deve pagar mais, exemplificou, quem usa a água para encher piscinas, em contraponto com os que usam a água para o consumo diário.

 

A CPPMAES reuniu-se hoje pela primeira vez este ano, tendo decidido que a partir de agora as reuniões serão mensais. Na reunião de hoje foi decidido que o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) irá avaliar se há condições para decretar a situação de seca extrema e severa em determinados locais, o que permitirá apoios aos agricultores.

 

Duarte Cordeiro fez no final da reunião um balanço das medidas para combater a situação de seca no país, como as que vão levar a um aumento de 50% da disponibilidade de água no Algarve, acrescentando que, enquanto esses investimentos não produzirem efeitos, é preciso “gerir o território com medidas de contingência”, como as que hoje foram adotadas para o Alentejo e Algarve.

 

Para as duas regiões foram adotadas medidas como limitar a captação de água para a agricultura, bem como as recomendações em termos de tarifário e taxas, sobretudo para o Algarve, onde, disse Duarte Cordeiro, houve um aumento de consumo de água de 3%.

 

Como Maria do Céu Antunes já tinha dito, o ministro falou também de baixar a quota de captação de água na barragem de Santa Clara, na zona do rio Mira (Alentejo), havendo em contrapartida investimentos na eficiência que se espera deem frutos dentro de cinco anos, e estando interdita na zona do sudoeste alentejano a construção de novas estufas.

 

“A perspetiva é a de recuperar a quota tradicional, se não for assim as medidas terão de ser mais restritivas”, avisou o ministro.

 

Para o Algarve foram decididas também medidas de limites de utilização de água para a agricultura, nomeadamente na barragem de Odelouca.

 

Sobre a barragem de Santa Clara, a ministra explicou que a decisão não decorreu da reunião de hoje e deixou também o aviso de que captar água a uma quota mais baixa da barragem tem subjacente o compromisso de uma gestão mais eficiente da água.

 

Maria do Céu Antunes disse também que o Governo vai estudar formas de flexibilizar a instalação de charcas, uma medida que foi alvo de um aviso no ano passado que recebeu 353 candidaturas, num investimento de quase 44 milhões de euros.

 

Questionado pelos jornalistas, o ministro do Ambiente disse que não se justifica ainda limitar o uso de água para fins energéticos e frisou que as situações mais preocupantes atualmente são as regiões do Alentejo, especialmente o litoral, Algarve, especialmente o barlavento, alguns locais do centro do país e Trás-os-Montes.

 

Fonte: Sapo 24

06
Out22

3920: Se falta de chuva se mantiver no Algarve terão de ser tomadas medidas “mais difíceis”

Tempo no Algarve

O presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL) alerta que, se não chover nos próximos meses, terão de ser tomadas medidas “mais difíceis”, apesar de o sul do país ter poupado este verão 8% no consumo de água.

 

Em março, os municípios algarvios aprovaram um conjunto de medidas de combate à seca na região, como o encerramento de algumas piscinas públicas no verão, a limitação das regas em espaços verdes ou a sua reconversão com espécies que necessitem de menos água.

 

“O balanço [das medidas de luta contra a seca] é positivo. Mas a situação não é positiva. É cada vez mais preocupante”, disse António Miguel Pina à agência Lusa.

 

O presidente da AMAL avisou que, se continuar a não chover até ao fim do ano, terão de ser tomadas “medidas mais difíceis”, como reduzir “uma parte ou a totalidade” do acesso da agricultura à água disponível ou “refrear” o consumo público através de um “aumento significativo” do tarifário.

 

António Miguel Pina, que também é presidente da Câmara de Olhão, estimou em 8% a redução do consumo de água conseguida com as medidas que a AMAL tomou este verão, em comparação a 2019, assim como com uma “maior consciencialização” da população para o problema da escassez de água.

 

Os 16 presidentes de câmara do Algarve decidiram em julho passado o encerramento das piscinas municipais públicas durante o mês de agosto, medida que foi prolongada até final de setembro, com exceção das piscinas abertas nos territórios mais do interior.

 

O Conselho Intermunicipal aprovou ainda, na mesma altura, o encerramento das fontes ornamentais, a redução dos dias de rega e a paragem da rega dos espaços verdes públicos relvados com reconversão por espécies autóctones e com necessidades menores de disponibilidade hídrica.

 

De acordo com dados da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), as barragens algarvias têm atualmente apenas 90 hectómetros cúbicos (milhões de metros cúbicos) de água em reserva, quando o consumo anual público (urbano) é de 72, subindo para 110 se for acrescentado o consumo das unidades agrícolas.

 

“Isto significa que se não chover mais do que no ano passado não haverá água para continuar a servir os dois tipos de consumo”, referiu o autarca, que na semana passada presidiu a uma reunião da AMAL em que foi feito um ponto da situação sobre a questão com a presença de vários técnicos do setor.

 

No encontro foi decidido esperar até ao fim do ano, o que coincide com os primeiros três meses de início do ano hidrológico (a época das chuvas, que começa em 01 de outubro), para que de seguida, em janeiro, os responsáveis autárquicos algarvios voltem a avaliar a situação.

 

“Nessa altura, se não chover mais do que no ano passado […] teremos, talvez, de tomar medidas mais difíceis, como reduzir em parte ou na totalidade o acesso a essa água por parte da agricultura”, disse o presidente da AMAL.

 

Outra medida que “pode” ser tomada é, “eventualmente, refrear o consumo público através de um aumento” das tarifas da água, como tinha sido sugerido em agosto pelo Governo.

 

O executivo anunciou, na altura, que, para fazer face à situação de seca, iria recomendar o aumento da tarifa da água para os maiores consumidores (a partir de 15 m3) em 43 concelhos em situação mais crítica, entre eles três do Algarve (Lagos, Vila do Bispo e Aljezur).

 

O Governo também sugeriu aos municípios que aplicassem “medidas de suspensão temporária dos usos não essenciais de água da rede”, designadamente lavagem de ruas, logradouros e contentores, rega de jardins e espaços verdes, novos enchimentos de piscinas, fontes decorativas e atividades com grande consumo de água, entre outras medidas.

 

O aumento da tarifa, segundo o ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, deve dirigir-se a consumidores de mais de 15 metros cúbicos de água, sendo que o consumo médio de uma família é de cerca de 10 metros cúbicos.

 

Na ocasião, Duarte Cordeiro explicou que o aumento da tarifa se destina aos 43 municípios com menos água, adiantando que “nada impede que outros” concelhos o façam.

 

António Miguel Pina concluiu que estas medidas vão estar “em cima da mesa” na reunião que a AMAL irá realizar em janeiro e, “até essa altura, os municípios algarvios irão manter medidas de poupança de água e esperar que a natureza seja favorável”.

 

Fonte: Green Savers

04
Out22

3918: Seca em Portugal: “Temos uma nova invasão que é o abacate regado”

Tempo no Algarve

Hidrobiólogo diz que é preciso analisar o uso que se dá à água e dá como mau exemplo o Algarve.

 

Em Portugal, 32 das 58 albufeiras monitorizadas tinham, no final de setembro, disponibilidades hídricas inferiores a 40% do volume total, enquanto três apresentavam valores superiores a 80%.

 

Segundo o hidrobiólogo Adriano Bordalo e Sá é preciso analisar o uso que se dá à água e dá como mau exemplo o Algarve.

 

“Os usos de água não só não foram contidos, como se aceleraram. A pior situação das barragens é no Algarve, onde nós temos tido um aumento exponencial dos usos da água. Sejam eles para regar os citrinos, sejam eles para regar os campos de golfe e para o turismo. E recentemente, ainda no campo na agricultura, temos uma nova e verdadeira invasão que é o abacate regado. Nós temos estado a acelerar os consumos de água e as consequências aí estão”, refere em entrevista à SIC Notícias.

 

As bacias do Barlavento (com 9%) e do Lima (com 22,3%) são as que apresentavam no final de setembro a menor quantidade de água armazenada, segundo dados do Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos SNIRH.

 

Ver a reportagem: https://sicnoticias.pt/pais/2022-10-04-Seca-em-Portugal-Temos-uma-nova-invasao-que-e-o-abacate-regado-8098f9f1

 

Fonte: SIC Notícias

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