269: Alfarroba utilizada para produzir biocombustível
O Algarve vai dispor da primeira unidade de biocombustíveis do País a partir da alfarroba. O projecto está em marcha e deverá ficar concluído em 2009, prevendo-se o início da produção dentro de dois a três anos.
"É uma energia limpa e com a enorme vantagem de não interferir com a cadeia da alimentação humana", refere Manuel Caetano, vice-presidente da Associação Interprofissional para o Desenvolvimento e Valorização da Alfarroba (AIDA), uma das entidades promotoras do projecto, a par da AGRUPA, associação de produtores.
O local para a instalação da fábrica não está definido, mas será nos concelhos de Loulé ou de S. Brás de Alportel. O investimento ascenderá a cinco milhões de euros, com o recurso a fundos exclusivamente nacionais. "Vamos criar uma nova empresa, com a finalidade de explorar a fábrica", diz Manuel Caetano.
Na elaboração do projecto estão a colaborar a Universidade do Algarve e o Instituto Nacional de Engenharia, Tecnologia e Inovação, além de outras entidades. Um processo enzimático permitirá a produção de álcool a partir da massa da alfarroba, que representa cerca de 90% do peso do fruto – os outros 10%, da grainha, são já utilizados em diversas indústrias.
Nos últimos dez anos, os pomares algarvios de alfarroba foram renovadossignificativamente, com as ajudas comunitárias e a produção, que este ano será de mais de 40 mil toneladas – em parte pelas condições climatéricas favoráveis –, poderá subir 50% nos próximos cinco anos.
Para a fábrica de biocombustíveis irão, inicialmente, cerca de dez mil toneladas. "Como a produção está a aumentar, não há risco de não dispormos de resposta para os mercados habituais, como a indústria das rações", explica Manuel Caetano. A fábrica surge, de resto, como resposta ao aumento de produção (dois milhões de árvores plantadas nos últimos 12 anos). "Se a oferta for muita e não houver saída, os preços baixam. Queremos evitar isso", conclui.
PORMENORES
RENDIMENTO
A alfarroba é rentável: os preços ganharam 14 pontos em relação à inflação nos últimos 30 anos. Por isso o número de produtores algarvios tem crescido: vai em 14 mil.
FÁBRICAS
A região possui duas fábricas transformadoras de alfarroba, que retêm mais-valias na região. Uma fábrica de álcool esteve prevista, em 1968, mas o Governo de então acabou por recuar no projecto.
HECTARES
Portugal é o terceiro maior produtor mundial de alfarroba, mas já ameaça Marrocos, o segundo da lista. Na frente está Espanha. O Algarve tem 13 mil hectares dedicados à produção de alfarroba.
Fonte: Correio da Manhã