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Tempo no Algarve

Estado do Tempo, Previsões, Alertas e Notícias sobre a Região Algarvia. E-mail: temponoalgarve@sapo.pt

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01
Mar08

168: Ondas engolem Algarve

Tempo no Algarve
Casas ruíram na praia da Fuzeta, no concelho de Tavira. Na dos Três Irmãos e dos Caneiros, entre Lagoa e Portimão, os bares e restaurantes ficaram com a estacaria à vista. De Lagos a Sagres os areais foram substituídos por pedras. Pescadores da faina artesanal quase não conseguiram ir ao mar.




 


Estes alguns dos efeitos de 21 dias seguidos, em Fevereiro, com vento e mar de Sueste – ou Levante, como é mais conhecido – a assolar o Algarve. Três semanas que coincidiram com as maiores marés do mês, dando ao fenómeno uma intensidade que, para muitos, foi “a maior de que há memória”.

João Alveirinho Dias é um dos maiores especialistas em erosão costeira. Professor associado na Faculdade de Ciências Mar e Ambiente da Universidade do Algarve, há anos que estuda o fenómeno na região. “Não é um fenómeno novo mas não é muito frequente que seja tão persistente”, admite. Quanto às causas, “pode suspeitar-se que seja uma consequência das alterações climáticas mas ainda não sabemos”, continua Alveirinho Dias. “Se daqui a três, quatro ou cinco anos se repetir pode dizer-se que é, senão foi um acontecimento isolado que se repete de 15 em 15 ou 20 em 20 anos”, explica.

A verdade é que, reconhece o professor, “o mar está mais alto, o que se nota mesmo comparando com a década de 80” do século passado. “A subida anda à volta do 1,7 mm por ano, numa década é 1,7 cm, e por aí fora, e esta variação nota-se em acontecimentos de alta energia como o que aconteceu”, frisa.

Rui Inácio é o proprietário de um dos bares-restaurantes na Praia Três Irmãos, no Alvor. Avisado pelo que tinha acontecido, há 18 anos, quando o mar de Sueste levou o estabelecimento do pai, precisamente na mesma praia, Rui Inácio colocou estacas de sete metros de comprimento a sustentar a construção. Foi o que salvou a estrutura.

“No areal em frente ao apoio tinha quatro fileiras de toldos e depois ainda estavam as motos de água”, descreve, ao lado das estacas à mostra e com o cuidado necessário para não molhar os pés com as ondas que agora lambem as madeiras. A areia que as cobria foi com o mar, que agora ocupa o que anteriormente era praia. “O que o Sueste leva numa semana o Sudoeste demora dois ou três meses a repor”, diz, com o conhecimento de 45 anos de vida passados a ver as ondas do Alvor.

Agora, à semelhança dos proprietários de outros apoios de praia da costa algarvia, quer uma solução. A maioria pretende uma protecção fixa, como um pontão que trave a corrente de Sudeste, mas admitem outras hipóteses. “Um quebra-mar na zona nascente resolvia o problema”, diz Rui Inácio, “mas já seria bom se recolocassem a areia na praia”.

Esta última solução tem sido a adoptada em casos semelhantes e, mais uma vez, a recolocação de areia deverá ser a medida a tomar. “Nos anos 60 e 70 era habitual optar-se por estruturas fixas”, recorda Alveirinho Dias, “actualmente, com a aceitação de que o litoral é dinâmico, adoptam-se intervenções que permitem que a natureza funcione”, acrescenta.

Na Praia do Martinhal, próximo de Sagres, as ondas levaram a areia mas deixaram lixo a substituí-la. “Há de tudo pela praia”, lamenta Mário Dias, de um dos apoios da praia, “há canas, plásticos, gaivotas e até tartarugas, tudo trazido pelo mar”. Agora é esperar que “a câmara venha limpar o areal com máquinas, porque é a única maneira”, defende.

Tanto a autarquia de Vila do Bispo, a que pertence o Martinhal, como a de Portimão, que abrange a Praia dos Três Irmãos, já se disponibilizaram tanto para limpar as praias como para colaborar na recolocação de areia. No caso da Câmara de Portimão, até já foram feitos trabalhos de reabastecimento da praia, caso contrário o apoio de Rui Inácio é muito provável que já tivesse cedido à força das ondas, como aconteceu com o do pai.

Habituados a viver com este problema estão os pescadores. Em particular os da faina artesanal. Durante as três semanas de Levante resignaram-se a ficar em terra, porque a corrente não os deixava sair as barras. E com os prejuízos inerentes.

“Não há nada a fazer, não se pode sair a barra”, lamenta João Maria, 42 anos de idade e mais de 20 de pesca. No porto da Baleeira, em Sagres, ao lado do ‘Graças a Deus’, o barco de 5,80m de comprimento, prepara tudo para o primeiro dia de pesca em semanas. “Aproveitei estes dias para pintar o fundo”, explica, “nestas semanas não ganhei dinheiro nenhum”.

José Maria Pereira, no porto de pesca do Alvor, viveu a mesma experiência. Com 82 anos de idade e a pescar “desde antes dos 10”, assegura que nunca viu “um ano tão desgraçado como este”. Pelo Levante mas também pela falta de peixe nas águas. “Já duas vezes que vou e nem tão-pouco ganho para a gasolina”, conta sobre os últimos dias em que foi à pesca, “desgraçaram isto tudo, ficou o mar todo queimado”.

Queixas dirigidas para os barcos da pesca industrial, que apanham grandes quantidades de pescado e não deixam de trabalhar seja pela direcção ou força das correntes, seja pelo vento. Mas esse já é um outro problema que nada tem a ver com a natureza.

PORQUE O LEVANTE TEM ESTE EFEITO

Os estragos provocados pelo Levante no Algarve são provocados por ser mais comum a costa sul de Portugal ser assolada por correntes do Sudoeste. “Quando o mar vem do Sudeste, vem em prependicular em relação à costa e por isso faz mais danos”, explica Alveirinho Dias. O professor refere mesmo que “a energia das ondas de Sudoeste, oriundas do oceano, até é, normalmente, mais forte, os grandes temporais vêm daí”. Mas por serem mais comuns não causam tantos esragos.

REPOSIÇÃO NATURAL PELO PRÓPRIO MAR

Por oposição às correntes do Sudeste, que levam a areia, as do Sudoeste repõem. A esperança para os proprietários dos apoios de praia é que, além das máquinas das autarquias, também a natureza cumpra o seu papel habitual e devolva aquilo que agora levou. “Há anos que é assim, agora é preciso esperar”, diz, confiante, Mário Dias. No entanto, e de acordo com as últimas previsões, para esta semana é esperado que o Algarve seja atingido novamente por mar de Sudeste. Facto que a confirmar-se poderá deixar as praias ainda mais despidas.

ANDAR 20 METROS PARA DENTRO DE ÁGUA

“Ninguém estava à espera disto”, assegura Mário Dias, que trabalha no apoio de praia do Martinhal, “já tinha acontecido noutras ocasiões mas nunca com esta força”. O extenso areal da praia ficou reduzido a menos de metade e em algumas zonas só há mesmo pedras. “A areia foi toda para o mar, agora é possível andar mais de 20 metros para dentro de água e sempre com pé”, refere. Mas este não é o único problema na praia. Com moradias a serem construídas mesmo ao lado da praia, regularmente são vistas pessoas a ir buscar areia às dunas, “provavelmente para usar na construção das casas”, adivinha Mário Dias.

MAIS PROBLEMAS NA PRÓXIMA SEMANA

“O problema foi que o Sueste, desta vez, coincidiu com as marés grandes da Lua Cheia e da Lua Nova”, sentencia Rui Inácio, proprietário de um dos apoios da Praia dos Três Irmãos, no Alvor. Preocupado com o que pode acontecer ao estabelecimento, que ficou com a estacaria toda descoberta, Rui Inácio agora teme a semana que se avizinha. “As previsões apontam para que venha uma nova maré de Levante”, explica, “e mais uma vez vai coincidir com a Lua Nova”. A Câmara já colocou areia por debaixo do apoio de praia, para lhe dar mais sustentabilidade, e Rui Inácio espera que os trabalhos continuem para enfrentar a nova maré.

PEDRAS NO LUGAR DO AREAL

Na Praia da Mareta, como no Zavial e muitas outras que se situam entre Lagos e Sagres, a areia, levada pelo mar, deu lugar às pedras que se encontravam escondidas por baixo.

RASTO DE DESTRUIÇÃO NAS PRAIAS

Na zona do Alvor e Portimão, a juntar à falta de areia, ficou um rasto de destruição, com as escadas e passadeiras de acesso ao areal a ficarem totalmente inutilizadas.

PESCADORES JÁ ESTÃO HABITUADOS

“Sempre foi assim, não há nada a fazer”, resigna-se João Maria (ao lado), apesar de “desta vez ter sido durante muito tempo”, reconhece. “Nós já sabemos que há sempre semanas em que não ganhamos nada, é assim a vida do pescador”, continua, enquanto prepara o barco para voltar à faina.

TODOS FICAM SEM GANHAR DINHEIRO

José João Batista e José Jorge Viegas não costumam ‘ir ao mar’. O trabalho deles é em terra, a tratar das redes. Isso, no entanto, não os torna diferentes. “O que nós ganhamos depende do que o barco consegue fazer, cada um recebe uma parte”, explica José João Batista. “Se o barco não vai ao mar, todos ficam sem ganhar dinheiro, tanto os que vão como nós”, acrescenta.

TRABALHO MESMO SEM IR AO MAR

José Batista e José Viegas dedicam-se a tratar das redes e dos aparelhos de pesca da embarcação. Para eles o trabalho não pára por o barco não ir ao mar. É também deles que depende o sucesso da faina pois tudo tem de estar em perfeitas condições para que a pesca seja feita com sucesso. “Todos dependemos do que o barco apanha e todos trabalhamos para o mesmo”, dizem, sem parar de trabalhar.

LUTA DOS PEQUENOS CONTRA GRANDES

José Maria Pereira, com 82 anos, vai ao mar há mais de 70 e garante que nunca viu “um ano tão desgraçado como este”. De sotaque cerrado do Alvor, tem um pequeno barco, de cinco metros de comprimento. O problema a juntar ao clima é a concorrência dos grandes barcos “do arrasto”, que “não deixam peixe nenhum”.

AQUECIMENTO GLOBAL COLOCA COSTA EM RISCO

O aquecimento global, com a consequente subida do nível médio dos oceanos, põe a costa portuguesa em risco, nomeadamente pela força das marés vivas: 67 por cento da orla costeira, indica o estudo SIAM, sofrem forte erosão. A zona fragilizada estende-se de Viana do Castelo até à Nazaré e da praia do Ancão até Vila Real de Santo António, no Algarve. Na restante costa existem pontos específicos de forte perigosidade como as arribas na região do Oeste, o cordão dunar da Costa de Caparica e as praias de Alvor ou Armação de Pêra. Os dados avançados no projecto SIAM são, contudo, preliminares.

Segundo o autor deste estudo, Filipe Duarte Santos, falta um trabalho integrado que defina as zonas que nas próximas décadas podem manter a ocupação humana e quais as que terão de ser desocupadas. A orla costeira recua em média um metro por ano mas em Esmoriz, Vagueira e Costa de Caparica o mar engole dez.

POPULAÇÃO VÊ OBRA COMO DINHEIRO DEITADO AO MAR

A empreitada de alimentação artificial das praias da Costa de Caparica e de S. João de Caparica, no concelho de Almada, representa um investimento de 2,9 milhões de euros, mas a população encara a solução como dinheiro deitado ao mar pois no final do Inverno a areia existente em algumas das praias é menos de metade da que foi colocada. A norte o ambiente é ainda de maior desânimo. Pouco, ou nada, foi feito para travar o avanço do mar em Esmoriz e Vagueira.

Para Paulo Martins, de 42 anos, desde os 16 anos com cédula de pescador na Costa de Caparica, as obras, que envolvem um milhão de metros cúbicos de areia, não o convencem. “Não tenho a certeza se a melhor solução será tirar areia do banco existente perto do Bugio para a colocar aqui”, explica. “As pessoas mais antigas dizem até que o problema de a Costa estar sem areia é mesmo provocado por terem destruído o banco de areia que permitia ir a pé até ao Bugio”, adiantou. Também Pedro Ramos, proprietário do restaurante O Bento, teme por uma costa sem areia e consequente partida dos banhistas. Com os olhos postos no mar, partilha a opinião de que grande parte da areia agora colocada “foi entretanto comida pelo mar”.

Um ano após o Ministério do Ambiente ter avançado com um projecto de cinco milhões de euros para a protecção de Esmoriz, o presidente da junta local, Alcides Alves, diz que nada foi feito. Na Vagueira houve a colocação de pedras nos pontos mais sensíveis mas só para Outubro está previsto o início da obra, de 1,9 milhões de euros, para a reabilitação dos esporões.

NOTAS

CCDR - ALGARVE CONFIANTE

A propósito da situação na Praia dos Três Irmãos, a CCDR Algarve disse ao CM que “não são esperados quaisquer danos nas estruturas” dos apoios.

VENTOS ORIUNDOS DO MEDITERRÂNEO

As correntes de Sueste são provocadas por ventos oriundos do Mediterrâneo e de África. O Algarve é ‘batido’ por três desses ventos, o Levante, o Siroco e o Suão.

21 DIAS

Normalmente, o Levante faz-se sentir por períodos de tempo curtos, que variam entre apenas um ou cinco dias. Em Fevereiro fez-se sentir durante 21 dias.

OCUPAÇÃO DO LITORAL

A ocupação do litoral tem de ser “repensada”, no sentido de se evitar pro-blemas mais graves no futuro, defendem os especialistas.

EROSÃO PODE SER DEFINITIVA

Esta situação de erosão é apontada como provisória mas caso continue a subida do nível das águas do mar é possível que passe a ser definitiva.

TEMPORAIS MAIS FORTES

A confirmar-se a ligação do fenómeno às alterações climáticas, no futuro haverá temporais e tempestades cada vez mais fortes e com cada vez maior intensidade.

CASAS RUÍRAM NA FUZETA

Na Praia da Fuzeta, em consequência do Sueste, ruíram três casas e duas outras deverão acabar por ruir, eventualmente com a maré prevista esta semana.

OPÇÃO A TOMAR NO FUTURO

Com a subida do mar será necessário optar ou pelo abandono das construções no litoral, ou pela defesa destas contra a natureza, o que será difícil de conseguir-se.

30 ANOS

Para que seja possível detectar uma alteração climática é necessário fazer uma observação de 30 anos, antes disso os fenómenos são vistos como isolados.

IGUAL À DEFESA DO BENFICA

A linha de costa em Esmoriz “está ao abandono”. O presidente da junta local, Alcides Alves, ironiza mesmo que esta só se compara “à defesa do Benfica”.

AREAL ESTÁ A DESAPARECER

Autarca de Esmoriz pede medidas urgentes e denuncia que “o areal das praias a sul da freguesia já desapareceu e o problema está agora a multiplicar-se a norte”.

 


Fonte: Correio da Manhã

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