175: Casas das ilhas-barreira dificultam protecção dunar e estão em risco de cair
O risco de ruir durante uma tempestade e magoar residentes e ainda o facto de dificultarem a protecção do cordão dunar são os principais problemas da existência de múltiplas casas que floresceram ilegalmente nas ilhas-barreira do Algarve.
Em declarações à Lusa, um especialista da Universidade do Algarve na área do risco costeiro e erosão alertou que há casas em risco de ruir na Praia de Faro, Farol, ou Fuseta se houver uma tempestade.
As casas dos pescadores da Praia de Faro, nomeadamente na zona poente, mas também habitações na Ilha da Fuseta (onde caíram algumas casas nas últimas tempestades) ou do Farol estão em zonas de risco de ruir por acção de intempéries e, por isso, Óscar Ferreira defende a renaturalização das ilhas-barreira, ou seja as demolições.
Óscar Ferreira alerta, contudo, que no caso das demolições das casas de primeiras habitações há questões sociais importantes que têm de ser tidas em conta.
Segundo aquele especialista em risco costeiro, a juntar ao perigo das casas caírem e magoarem os próprios habitantes, há ainda o facto das habitações, a maioria ilegal em domínio marítimo, "também inviabilizarem a tomada de medidas para robustecer o cordão dunar e proteger a zona costeira", defende Óscar Ferreira.
"A não existência das casas [nas ilhas barreira] poderá possibilitar num futuro próximo, através do próprio Polis, a colocação de paliçadas e recuperação dunar em áreas frágeis", defende o professor da Faculdade de Ciências do Mar e Ambiente.
Já nos anos oitenta, na zona nascente da Praia de Faro foi colocado um passadiço de madeira numa zona que era pejada de casas e hoje o cordão dunar está estabelecido e robusto, e nem se nota que existem lá casas, recorda o professor universitário.
A construção não autorizada que se verificou nas últimas décadas foi por vezes efectuada em zonas de risco costeiro, ou seja foram colocadas casas sobre a duna frontal, em áreas ameaçadas durante tempestades.
Actualmente é necessário o reordenamento dessas zonas que se encontram em risco costeiro por acção de intempéries para não colocar em risco o ambiente, mas igualmente a vida e casa dos moradores das Ilhas barreiras do Algarve.
A renaturalização da Ilha de Faro, mas também de outros espaços marítimos nos concelhos de Olhão, Loulé e Tavira está prevista no novo programa "Polis Litoral Ria Formosa", um plano estratégico de requalificação e valorização da ria Formosa, cujo investimento total é superior a 80 milhões de euros e prevê a constituição de uma empresa de capitais sociais.
A Assembleia Municipal de Faro delibera hoje sobre o "Polis Litoral Ria Formosa", mas muitos moradores disseram à Lusa desconhecerem o plano de requalificação e não sabem onde vão morar se as casas vierem abaixo.
Fonte do gabinete da presidência da Câmara de Faro assegurou que não haverá demolições enquanto não existirem os planos de pormenor (zona urbana) ou planos de intervenção (zona marítima) para as ilhas-barreira, referindo que cada núcleo habitacional das ilhas vai haver um plano e terá que existir discussão pública sobre esse plano.
A Parque Expo, empresa de capitais públicos, que irá gerir os fundos comunitários e coordenar as acções do programa Polis em Faro, Loulé, Tavira e Olhão não quer comentar para já o assunto do "Polis da Ria Formosa", porque ainda falta a Assembleia Municipal de Faro deliberar a adesão ao programa.
"Não fazemos comentários sobre o assunto", declarou à Lusa um dos assessores de imprensa da ParqueExpo, quando questionado sobre quais as prioridades do "Polis Ria Formosa".
Fonte: LUSA