1260: Risco de tsunami não foi avaliado no Plano de Pormenor da praia de Faro
O Plano de Pormenor da praia de Faro “inclui os processos mais importantes que podem constituir fatores de risco para a ocupação do território, com exceção dos tsunamis”, alerta o Laboratório Nacional de Engenharia (LNEC).
Num parecer da autoria do investigador Francisco Santos do LNEC, elaborado em dezembro de 2010 e a que o Observatório do Algarve teve acesso, recomenda-se à Sociedade Polis Litoral Ria Formosa que inclua na definição das faixas de vulnerabilidade e proteção os fatores de risco associados aos tsunamis, “pela sua perigosidade”.
O documento considera ainda que este plano inclui “os processos mais importantes que podem constituir fatores de risco para a ocupação do território nas ilhas barreiras”, entre eles as tempestades extremas e os galgamentos marítimos.
Trata-se do parecer sobre o projeto do Plano de pormenor da Praia de Faro e o Projeto de Intervenção e Requalificação das ilhas barreira e ilhotes, cuja execução está a cargo da Sociedade Polis Litoral Ria Formosa, elaborado pelo LNEC.
Plano de Risco Sísmico do Algarve já aprovado
No entanto, “está já aprovado o Plano de risco sísmico e tsunamis do Algarve”, confirmou ao Observatório do Algarve a Governadora civil de Faro.
Isilda Gomes adianta que está previsto para este ano o exercício LAIZEX, “já com meios no terreno” para avaliar a capacidade das entidades envolvidas na resposta a este tipo de fenómenos, no âmbito do Plano Especial de Emergência de Proteção Civil para o Risco Sísmico e de Tsunamis na Região do Algarve, depois de se ter efetuado recentemente o exercício de comunicações (CPX) cujo quartel-general, para efeitos de simulação, ficou sedeado no Mercado Abastecedor de Faro.
A governadora salienta ainda que o Plano do Risco Sísmico e de Tsunamis do Algarve (PRSTA) abrange toda a região.
Ao que o Observatório do Algarve apurou, no referido estudo foram definidos cenários para áreas de entrada potencial de ondas de tsunami com elevação de 3, 5 e 7 metros acima do nível médio do mar.
A partir dos 5 metros, seria afetada toda a Ria Formosa, desde a península do Ancão (Quinta do Lago) onde se insere a praia da Faro, até à zona de Cacela (Vila Real de Santo António), dadas as características da zona com solos arenosos e baixa elevação.
Características que iriam agravar os riscos, devido aos chamados fenómenos de liquefacção que frequentemente ocorrem em zonas arenosas durante um terramoto.
É preciso Plano de alerta e evacuação da praia de Faro
Todavia, a Memória Descritiva do estudo prévio do Plano de Pormenor da Praia de Faro de Fevereiro de 2011, avança já com alguns dos efeitos que poderia ter um tsunami e considera “de extrema importância a existência e a divulgação de um plano de alerta e evacuação da Praia de Faro pelas autoridades competentes, porque se trata de uma península apenas com uma ligação rodoviária para o exterior, que se faz através de uma ponte de apenas um sentido”.
O Plano acentua que as ilhas barreira são áreas dinâmicas e sensíveis da zona costeira, salientando que a sua composição arenosa, baixa elevação e exposição a tempestades transformam o sistema a que costumamos chamar Ria Formosa em áreas vulneráveis à erosão e à destruição.
Segundo o documento, o grau de vulnerabilidade varia para diferentes áreas das ilhas barreira, dependendo de vários factores como a elevação, largura, ocupação humana e proximidade às embocaduras.
No referido relatório, cuja discussão está prevista para 17 de março na Comissão de Acompanhamento, como o Observatório do Algarve já noticiara (ver aqui), “são apresentadas e integradas diferentes faixas de vulnerabilidade resultantes da ação de galgamentos oceânicos, de inundações causadas por um nível das águas costeiras e lagunares excecionalmente elevado e do recuo da duna frontal”.
À exceção dos tsunamis, “todos estes fenómenos ocorrem com regularidade neste setor da costa Algarvia”, pelo que se utilizou para o presente estudo, a melhor informação científica disponível, refere o documento que a Sociedade Polis vai apresentar a autarquias, associações de moradores e demais entidades envolvidas na gestão do litoral.
Fonte: Observatório do Algarve