1275: Quatro crias de Lince Ibérico morreram este mês no Centro de Reprodução em Silves
Quatro crias de lince ibérico morreram este mês no Centro Nacional de Reprodução do Lince Ibérico de Silves (CNRLIN), duas das quais por hipotermia, 12 horas após o nascimento, depois de terem sido abandonadas pela progenitora.
Segundo a informação avançada no sítio da internet do CNRLI, a morte das duas crias do sexo feminino, nascidas em 28 de Fevereiro, “está directamente associada ao abandono pela mãe e às consequentes hipotermia e hipóxia”. Houve também duas mortes a 11 de Março, resultantes de um “aborto antes do prazo previsto para o parto”.
O Centro Nacional de Reprodução do Lince Ibérico de Silves, sob a responsabilidade do Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade (ICNB), integra a rede de centros de reprodução da espécie, cuja população é gerida pelo Comité de Cria em Cativeiro do Lince Ibérico.
De acordo com o sítio do CNRLI, a fêmea “Biznaga” registou os primeiros sinais de parto ao 64.º dia de gestação, tendo abandonado a primeira cria cerca de duas horas após o parto, “sempre sob a vigilância” da equipa do centro.
“O protocolo de actuação ante abandono de ninhadas aconselha a que se esperem até duas horas antes de tomar a decisão de intervir para salvar crias que não estão a ser bem atendidas pela mãe”, lê-se na página da internet daquele centro.
A intervenção da equipa do CNRLI verificou-se quando a progenitora abandonou a segunda cria. Recolheu as duas transportou-as para a sala artificial, onde foram “reanimadas colocadas em incubadoras” oferecidas pela Maternidade Alfredo da Costa.
Danos “demasiado extensos”
Contudo, 12 horas após a sua recuperação, “ficou patente que os danos eram já demasiado extensos” e ambas as crias acabaram por morrer.
A necrópsia efectuada em Espanha apurou que a morte das crias “está directamente associada ao abandono pela mãe”.
Os pequenos linces nascem com os olhos fechados e são totalmente dependentes da mãe para receber imunidade através do leite, calor, protecção e limpeza.
Apesar de lamentar a perda da ninhada, o centro de Silves considera “cumprido o objectivo de recuperar mais uma fêmea fundadora do programa para a reprodução, após um longo período em cativeiro, sem contribuição para o programa e já com metade da sua vida reprodutiva cumprida”.
A 11 de Março, Fresa, uma outra fêmea, abortou duas crias antes do prazo previsto para o parto, que segundo o CNRLI, “confirma os dados estatísticos da mortalidade perinatal, que é superior a 70 por cento para fêmeas primeiriças”.
Para o CNRLI, “as expectativas desta época de reprodução em Silves não são muito altas, dado ser comum o comportamento de abandono de crias”.
Em 2010, as duas primeiras e únicas crias nascidas em Silves da fêmea “Azahar” também não sobreviveram, acabando por morrer “de forma aguda num curto espaço de tempo”.
A época de reprodução dos linces ibéricos decorre entre Dezembro e Junho, tendo sido conseguido no centro de Silves que todas as subadultas “copulassem pela primeira vez”.
A funcionar desde 2009, o CNRLI de Silves foi o terceiro a abrir na Península Ibérica, após a transferência de 16 animais, provenientes de três centros espanhóis de reprodução.
Actualmente, a população residente do único centro português, é composta por 19 linces, 16 adultos e três jovens, dos quais 11 machos e oito fêmeas.
Fonte: Publico