995: Verão algarvio vai ser problemático com vaga de incêndios florestais
Comandante Operacional Distrital Vaz Pinto diz que a vegetação que cresceu com o Inverno chuvoso contribui para «aumentar a capacidade de propagação desses incêndios».
O ano de 2010 pode tornar-se bastante problemático no Algarve ao nível de fogos florestais. É que «se ocorrerem as situações meteorológicas que tivemos em 2003 e 2004, com o combustível disponível que existe podemos ter um ano muito complicado», alertou o comandante Operacional Distrital Vaz Pinto, num encontro com os jornalistas, após a apresentação do Plano de Combate a Incêndios Florestais/2010, nas instalações do Governo Civil de Faro.
«Choveu, há muita vegetação, muita espontânea, o que vai naturalmente aumentar a capacidade de propagação desses incêndios. Aquilo funciona como um rastilho e a velocidade de propagação é muito mais rápida», acrescentou aquele responsável.
Para já, como referiu Vaz Pinto, «até final do mês de Maio vão manter-se as condições de instabilidade atmosférica que provocam a atual situação meteorológica, uns dias com calor, outros dias a chover, pelo que, penso, não vamos ter problemas».
Por isso, acrescentou, «o dispositivo que devia arrancar, agora, no dia 15, foi protelado até ao final do mês, à exceção dos postos de vigia», os quais eventualmente serão ativados, pelo menos cinco, já a partir daquela data.
Trata-se da «Fase Bravo», de 31 Maio até 30 de Junho, e que, além do helicóptero estacionado em Loulé, a que se juntarão, a partir do dia 1 de Junho, mais dois meios aéreos do mesmo tipo, em Monchique e em Cachopo, no concelho de Tavira, envolve um total de 373 elementos.
Estes elementos pertencem aos dispositivos de combate e ataque inicial, como os Grupos de Intervenção e Proteção de Socorro (GIPS da GNR), bombeiros, meios de vigilância, equipas de Sapadores Florestais, Brigadas de Proteção Ambiental e forças de segurança, com o apoio de 97 viaturas.
Essa estrutura aumentará para 506 elementos e 129 viaturas, mantendo-se os três helicópteros, durante a «Fase Charlie», considerada a mais crítica, de 1 de Julho a 30 de Setembro.
Na «Fase Delta», de 1 a 31 de Outubro, serão disponibilizados 366 elementos e 93 viaturas, além dos três helicópteros, embora estes só estejam operacionais até 15 desse mês.
Apesar de admitir que «os meios nunca são suficientes em nenhuma situação», o comandante Vaz Pinto considerou «adequado» o dispositivo preparado para o ataque inicial aos fogos florestais no Algarve, que deverá estar no terreno de forma musculada no máximo 15 minutos após o alerta.
«Os meios, em 2010, são exatamente os mesmos de 2009, com algum ajuste aqui e ali», observou, destacando como inovação o alargamento da «Fase Delta» até final de Outubro.
O comandante operacional distrital pediu para que «não se façam queimadas» se as condições meteorológicas se mantiverem, numa altura em que, de resto, já nem se podem realizar. Isto, depois de reconhecer que a chuva impediu queimadas.
Já a governadora civil do Distrito de Faro Isilda Gomes apontou a Serra de Monchique como «uma grande preocupação».
E acabou por deixar alguns recados ao nível da prevenção em toda a região algarvia: «depois dos incêndios de 2003 e 2004, penso que foram aprendidas algumas lições».
Em resposta a uma questão colocada por um jornalista, Isilda Gomes disse que não tem notado a existência de «capelinhas» e «portas fechadas», «antes pelo contrário» no combate a fogos.
Por outro lado, acrescentou, «a fiscalização tem de ser intensiva, tem de atuar. É para isso que existe. Quem aplica as coimas são as autarquias, depois de a GNR levantar os autos. Temos sensibilizado os autarcas para a necessidade de sermos rigorosos e rígidos».
É que um aspeto é ocorrer um incêndio devido a um «percalço de um cidadão», outra é um fogo «ser provocado por desleixo e negligência. Essas situações têm de ser caucionadas, como é óbvio».
Fonte: Barlavento Online