816: Cimeira do Clima de Copenhaga também é importante para o Algarve
A Cimeira do Clima das Nações Unidas (COP15) decorre de 7 a 18 de Dezembro, em Copenhaga, na Dinamarca. Apesar de distante, as conclusões da Cimeira terão consequências importantes também para o Algarve, onde os efeitos das alterações climáticas já se fazem sentir.
O «barlavento» esteve em Copenhaga para acompanhar os preparativos para a Cimeira e dá aqui conta de algumas das questões que lá se irão discutir e das suas ligações ao Algarve e a Portugal.
A desertificação do país, com o aumento dos períodos de seca e a ocorrência cada vez mais frequente de chuvadas intensas que provocam inundações catastróficas, a escassez de água, o recuo da linha de costa são algumas das consequências das alterações climáticas globais no Algarve.
Mas também têm a ver com a má gestão dos recursos e do território, que, segundo os especialistas, acabam por aumentar os efeitos das alterações climáticas.
Copenhaga receberá a maior cimeira de sempre sobre o Clima, recebendo 15 mil delegados de todo o mundo e 3000 jornalistas.
Até o presidente dos Estados Unidos Barack Obama já disse que estará presente, num sinal que foi visto como uma esperança para os resultados desta Cimeira.
Durante os quinze dias da reunião, muita coisa está em jogo e a ser negociada em 40 diferentes comissões.
O objectivo é tentar chegar a um acordo para a diminuição real e drástica das emissões de gases com efeitos de estufa, que, segundo os cientistas, vão mudar irremediavelmente o clima do planeta se não foram tomadas medidas urgentes.
Porque é que a COP15 é tão importante? Segundo Louise Brinker, assessora de Imprensa do Ministério dos Negócios Estrangeiros dinamarquês, porque «este é o tempo certo para obter um novo protocolo internacional sobre as alterações climáticas».
Falando no seminário «Contagem Final para a COP15», que decorreu na Escola de Jornalismo da Dinamarca, em Arhus, e ao qual o «barlavento» assistiu, Michael Vedso, chefe do Gabinete de Imprensa da Comissão Europeia naquele país nórdico, admitiu que «muitos países e ONG estão a considerar que a Comissão Europeia não está a ser suficientemente ambiciosa» nas suas propostas para a Cimeira.
No entanto, as propostas da CE, que passam pela redução das emissões em 20 por cento até 2020 (em relação a valores de 1999) já seriam boas se fossem aceites.
Tendo em conta as reticências dos Estados Unidos, ou dos chamados países BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), onde o crescimento industrial se está agora a realizar, com todas as consequências que isso traz para um aumento efectivo das emissões de gases com efeito de estufa, para Michael Vedso um «acordo político quanto às emissões já seria um resultado muito positivo».
É que poucos acreditam que, da Cimeira de Copenhaga, possa sair um Tratado que obrigue todos os países a cumprir as metas de emissões estabelecidas.
Martin Lidegaard, membro da Concito, um think tank verde, vai porém mais longe: «para ainda irmos a tempo de resolver o problema das alterações climáticas, o pico das emissões tem que ser já daqui a cinco anos, depois disso tem que começar a cair». Por isso, sublinhou, «é preciso tomar medidas e já!»
«Estou certo que vamos chegar a um acordo em Copenhaga. Mas que acordo será esse? Se o resultado for: vamos voltar a falar disto daqui a 10 anos, será um desastre!».
Por isso mesmo, todos os olhos estão postos na Cimeira.
Fonte: Barlavento Online