A Câmara de Faro vai recuperar até ao final do ano o dique e a ponte da ilha da capital algarvia, única via rodoviária que dá acesso à praia, para travar a degradação das estruturas causada pela erosão das marés. Em entrevista à Lusa no âmbito dos dois anos de mandato na Câmara de Faro, o autarca do PS José Apolinário explicou que a erosão constante das marés da Ria Formosa está a colocar em risco de derrocada a única via rodoviária que liga Faro à ilha e por onde passam diariamente automóveis e autocarros de passageiros.
"Vamos fazer uma intervenção imediata" num troço de 100 metros de estrada para prevenir o risco de ruir, explicou José Apolinário, referindo que em Novembro será apresentado o projecto de intervenção e estima-se que no mês seguinte a obra avance.
O autarca de Faro anunciou ainda que a ponte também será alvo de intervenção a breve trecho, prevendo-se a construção de uma alternativa em madeira ao lado da actual passagem, destinada ao trânsito de bicicletas.
O processo de erosão na estrada que dá acesso aos automóveis para a Ilha de Faro "é um processo que vem desde a construção da ponte e do dique", disse à Lusa Óscar Ferreira, professor da Universidade do Algarve e especialista em dinâmica costeira.
Para se fazer a ponte foi construído um dique e o canal ficou condicionado, e como consequência, mais estreito, o que causa um aumento da corrente na zona e maior erosão, explicou à Lusa o especialista em erosão costeira.
Durante a construção da ponte da Ilha de Faro foi necessário fazer um dique para ligar a estrada à passagem aérea e esse dique assenta em entulho e areias e pode ter chegado agora a altura de intervir, observou o especialista.
A zona [dique e ponte] foi "descalça de areia" e não pode ficar sem sustentação, porque caso perca a sustentabilidade pode cair, tal como aconteceu com a Ponte Hintze Ribeiro, em Entre-os-Rios, alerta o especialista.
Uma outra obra de urgência no concelho de Faro é a conclusão da Circular Norte, que ficou interrompida na EN 2, porque "não só serviria todos os automobilistas que atravessam Faro pela EN 125, como melhoraria o acesso à cidade de todos os que vêm dos concelhos limítrofes para trabalhar em Faro", considerou o autarca.
José Apolinário defende que a obra da variante que fará a ligação de Faro ao Rio Seco, na direcção de Olhão, deve ser integrada no pacote de intervenção de requalificação da EN 125.
Actualmente o projecto está com a Estradas de Portugal e em fase final da Avaliação de Impacto Ambiental.
O projecto, que teve que sofrer adaptações devido à travessia do Rio Seco e da Ribeira das Lavadeiras, será depois enviado para a Agência do Ambiente para que esta se pronuncie sobre o impacte ambiental.
A cidade de Faro recebe 60 mil carros todos os dias pela entrada de Loulé (30 mil veículos), por Olhão (21 mil) e por São Brás de Alportel (nove mil). |