Mais de 100 sobreiros foram abatidos ou cortados na serra Caldeirão, no Algarve, sem autorização do Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF). A operação, ordenada pela EDP, está a ser desenvolvida de forma “indiscriminada e sem fiscalização”.
O presidente da Associação de Produtores Florestais da Serra do Caldeirão, Gilberto Pereira, acusa a EDP de ter ordenado o abate de mais de 100 sobreiros de forma “indiscriminada e sem fiscalização“, à revelia do Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), avança esta sexta-feira o jornal Público. Na última semana, a associação recebeu a queixa de 13 proprietários lesados.
De acordo com o matutino, o abate foi embargado na quinta-feira pelo ICNF, mas mais de uma centena de árvores centenárias já foram cortadas, restando apenas os troncos.
O corte das árvores foi feito pela empresa Ecorede e integrava-se no processo de limpeza de faixas de prevenção no âmbito da Rede Secundária de Gestão de Combustível, em torno das linhas de média tensão da EDP na zona do Barranco do Velho. O engenheiro florestal Pedro Jesus, da associação representante dos proprietários, diz que “foram derrubados mais de uma centena de sobreiros e há 13 proprietários lesados”.
Os cortes foram inicialmente identificados por um proprietário, que encontrou elementos da Ecorede a serrarem os sobreiros da sua propriedade sem autorização e telefonou para a linha SOS Ambiente. “Passei pela Quintã, estavam a serrar os sobreiros na minha propriedade sem que tivesse havido qualquer aviso ou pedido de autorização”, contou.
O responsável regional da EDP, Carlos Lopes, disse ao Público tratar-se apenas de “cortes de ramos” e não de abates, mas admitiu que houve “um corte um pouco mais agressivo” em algumas árvores.
Já o diretor regional do ICNF, Castelão Rodrigues, afirmou que a operação não foi autorizada e que nem sequer foi pedida uma licença para os trabalhos, decorrendo agora “um processo de contra-ordenação à EDP”. O valor da coima pode oscilar entre os 50 e os 150 mil euros.
Pedro Jesus referiu que esta questão foi discutida, esta semana, em Loulé, na reunião da Comissão Municipal da Defesa da Floresta Contra Incêndios. O engenheiro florestal sublinhou que nenhuma autoridade tinha “conhecimento do que se estava a passar”.
Fonte: Zap aeiou