1479: Fuga às portagens faz entupir EN125
"Se hoje [ontem] o trânsito já está uma complicação, quando chegar o Verão é o caos", desabafa Dinis Constantino, motorista de uma empresa de distribuição, que, devido à introdução de portagens na A22 (Via do Infante), passou a utilizar a EN125, por determinação da empresa.
No primeiro dia útil após a entrada em vigor do pagamento na auto-estrada, o tráfego na EN125 disparou, fazendo lembrar Agosto, mês alto do turismo, em que a população da região mais do que duplica. O trânsito era compacto em muitos troços e, nas localidades atravessadas pela estrada, geraram-se filas. Na Via do Infante, pelo contrário, quase não havia carros.
"A EN125 não é alternativa, pelo que e a sinistralidade vai aumentar", diz João Mestre, desempregado, que acredita que a economia da região "vai ser muito afectada". Além dos particulares, a maior parte das empresas de transportes e serviços também optou pela ‘velhinha' EN125. "As instruções da empresa são para não usarmos a A22", revela Carlos Feliciano, que trabalha em serviços de jardinagem.
A forma de pagamento das portagens também gera muitas dúvidas, sobretudo aos turistas. "Os clientes não param de ligar, mas nós também temos dificuldades em explicar, apesar de toda a nossa boa vontade", refere Armando Santana, presidente da Associação das Empresas de Rent-a-Car do Algarve (ARA).
20 MIL MULTAS PARA CARROS ALUGADOS
Cerca de 20 mil multas por não pagamento já foram passadas a viaturas alugadas desde que houve introdução de portagens nas várias ex-Scut, avançou ontem Joaquim Robalo Almeida, presidente da Associação de Industriais de Aluguer de Automóveis sem Condutor. Ainda ontem, a GNR detectou duas viaturas a circularem na A22 com matrículas alteradas com fita-cola preta. A intenção seria passar os pórticos sem pagar, iludindo as câmaras.
QUIOSQUES NO NORTE AINDA NÃO FUNCIONAM
Os quiosques electrónicos instalados junto às fronteiras de Vilar Formoso e de Vila Nova de Cerveira, para aquisição de títulos pré-pagos por condutores de veículos de matrícula estrangeira, ainda não estão a funcionar devido a problemas na emissão do comprovativo do pagamento. Já em Vila Real de Santo António, o quiosque electrónico instalado junto à fronteira está desde ontem "totalmente funcional", garantiu a Estradas de Portugal.
TRAÇADO MAU E SEM ALTERNATIVA
A "falta de alternativas" e o "mau traçado" da A25 são duas das principais críticas de José e Nelson Sousa, administradores da transportadora JLS, de Viseu, à introdução de portagens. Ponderam diminuir a utilização dos transportes em auto-estrada, imputar ao cliente o custo das portagens e alterar fluxos de transporte. A JLS tem um volume anual de negócios de 22,5 milhões de euros e 270 trabalhadores.
Fonte: CM