1273: Catástrofes: Conhecer os riscos para ter comportamentos adequados pode poupar vidas
O conhecimento dos riscos existentes em determinado local e comportamentos adequados permitem reduzir a vulnerabilidade e são a melhor forma de poupar vidas numa catástrofe natural como a que aconteceu no Japão, defendeu um Geólogo da Universidade da Madeira.
Domingos Rodrigues deu hoje uma palestra da Universidade do Algarve sobre o "Risco Geológico da Madeira: evento de fevereiro de 2010" e demonstrou como os conhecimentos que as pessoas têm do que devem ou não fazer perante uma catástrofe são decisivos para o número de vítimas que pode fazer.
"Ponho a tónica na vulnerabilidade das pessoas. O risco depende não só do fenómeno mas também da vulnerabilidade das pessoas, da capacidade que as pessoas têm de resistir a esses tipo de processos", explicou Domingos Rodrigues à Lusa no final da palestra.
O professor da Universidade da Madeira frisou que no Japão, atingido por um violento sismo seguido de tsunami há cerca de duas semanas, "há alarmes e as pessoas têm comportamentos adequados" que lhes permite "saber o que fazer perante um tremor de terra".
"Isso é indicativo e fruto de uma educação que começa na família, vai pelos anos todos da escolaridade e permite que, em casos de eventos destes, consigam minimizar ou diminuir os efeitos destes perigos através só do comportamento", explicou, precisando que assim "a probabilidade de resistirem e sobreviverem é maior".
Rodrigues considerou que houve um número de mortes "significativo", mas sublinhou que se a preparação do país e dos japoneses não fosse tão grande para saber o que fazer em caso de sismos "o número de vítimas teria sido outro e muito mais parecido ao do tsunami que aconteceu na Ásia em 2004".
"Se as pessoas souberem quais as atitudes a tomar, souberem como se comportar, a probabilidade de serem afetadas e conseguirem resistir é muito maior. Estas questões da vulnerabilidade social, da resiliência das pessoas, são um fator determinante quando acontecem catástrofes deste tipo", reiterou.
Para Domingos Rodrigues, os comportamentos de risco estiveram na origem de muitas mortes nas inundações e deslizamentos de terras que assolaram a Madeira em 2010, mas o problema não é exclusivo do arquipélago.
"Não posso dizer que a questão seja da Madeira. Eu não posso dizer que, se houver um sismo hoje em Lisboa, as pessoas tenham as atitudes tão adequadas como os japoneses. Isto não é uma questão madeirense, é nacional", acrescentou.
O professor da Universidade da Madeira precisou que os riscos "devem ser abordados de uma maneira aplicada ao local onde as pessoas vivem, de modo a que saibam o que podem acontecer e tomem as atitudes indicadas".
"É um problema transversal a todo o Portugal e a única coisa que se tem que fazer é investir na educação", afirmou.
Fonte: Observatório do Algarve