1190: Desertificação: 20 cm de terra é tudo o que nos separa da extinção
A desertificação e a degradação do solo é o maior desafio ambiental de nosso tempo e "os primeiros 20cm de terra é tudo o que está entre nós e a extinção", disse o secretário executivo da Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação (UNCCD).Confira os numeros.
Luc Gnacadja falava no lançamento, em Londres, da Década das Nações Unidas para a luta contra a desertificação.
O especialista afirma por isso que as populações das áreas afetadas devem ser recompensadas, através do mercado global de carbono, pela sua contribuição na preservação dos solos.
Luc Gnacadja acrescentou que conflitos e crises nos preços dos bens alimentares são o resultado da degradação do solo pelo que a ONU pretende com nesta década sensibilizar e estimular ação para uma maior proteção e melhor manuseio das terras secas do mundo, onde vive um terço da população mundial, que enfrenta sérias ameaças económicas e ambientais.
A nível global, a desertificação – degradação da terra em zonas áridas – afeta 3.6 bilhões de hectares, cerca de 25% da massa terrestre, o que ameaça a subsistência de mais de um bilhão de pessoas em perto de 100 países.
De acordo com os dados da UNCCD 2,1 bilhões de pessoas, ou seja, cerca de 40% da população mundial, habita nos desertos ou em zonas áridas sujeitas a desertificação sendo que 90% desse território são países pobres ou em vias de desenvolvimento.
Ainda segundo aquela agência da ONU 50% da pecuária do mundo é sustentada por pastagens do que reluta que 46% do carbono global é armazenado em terras áridas.
Acresce que 44% de toda a área de cultivo mundial se localiza em zonas áridas e ainda que 30% de todas as plantas cultivadas são provenientes de terras secas, que assumem assim um forte valor para a economia mundial alimentar.
Ameaça de desertificação afeta 25% da terra
Atualmente a desertificação afeta 3,6 bilhões de hectares de terra no mundo inteiro, isto é 25% da massa terrestre, que abrangem 110 países estão em risco de degradação dos solos.
A cada ano que passa a UNCCD estima que 12 milhões de hectares de terra são perdidos, solo que poderia produzir cerca de 20 milhões de toneladas de cereais levando a um prejuízo estimado em 42 bilhões de dólares devido à desertificação e à degradação dos solos.
“A degradação progressiva dos solos – seja por consequência da mudança do clima, das práticas agrícolas insustentáveis ou da má administração dos recursos naturais, representa uma ameaça à segurança alimentar, gerando fome entre as comunidades mais afetadas e roubando as terras produtivas do mundo”, declarou o Secretário-Geral da ONU Ban Ki-moo ao anunciar o lançamento da década.
Por sua vez, o Secretário executivo da Convenção da ONU de Combate à Desertificação, Luc Gnacadja advertiu que a comunidade internacional se encontra numa encruzilhada e tem que decidir se manterá a abordagem atual, caracterizada por secas severas e prolongadas ou inundações e escassez de água, ou se vai trilhar um caminho alternativo, que “servirá de canal para nossas ações coletivas para a sustentabilidade”.
Gnacadja acrescentou que a mensagem da década salienta que terra é vida, “por isso, devemos assegurar que desertos continuem produtivos e produzindo” e que o objetivo da década é “criar uma parceria global para reverter e prevenir a desertificação e a degradação dos solos e para mitigar os efeitos da seca em áreas afetadas, a fim de contribuir com a diminuição da pobreza e a sustentabilidade ambiental”.
Fonte: Observatório do Algarve