1018: Mendes Bota: Há uma campanha poderosíssima para justificar exploração de petróleo no Algarve
Em resposta a um estudo recentemente elaborado e divulgado pelo INUAF – Instituto Superior D. Afonso III em Loulé, onde são defendidas vantagens em avançar com a exploração de gás natural ao largo da costa algarvia (ver notícia relacionada), Mendes Bota diz que o INUAF está “alimentar dolosamente um mito”, e a ajudar à campanha do “looby do petróleo”.
“É por demais evidente que está lançada uma campanha poderosíssima junto da comunicação social e da opinião pública, para tentar justificar os benefícios do gás natural (tentando omitir o termo petróleo) e assim pressionar o Governo a assinar um contrato de pesquisa e exploração que está suspenso de assinatura desde 2002”, sublinha o também deputado do PSD eleito pelo Algarve.
Por outro lado o INUAF sustenta factores económicos para levar a cabo a exploração de gás natural. Mendes Bota responde que a empresa, no caso do Algarve um consórcio liderado pela REPSOL, “coloca o produto no mercado, ao preço do mercado, e Portugal, se quiser comprá-lo, terá que pagar o preço do mercado, sendo indiferente se o gás ou o crude vem do Algarve ou da Argélia”.
Portugal receberá, continua o deputado, a título de compensação financeira, apenas “10 cêntimos por barril de gás natural ou crude, no Bloco 14, e 25 cêntimos por barril, no Bloco 13”. Ou seja, “0,0006 por litro de crude ou de gás natural extraído”. Esta informação, assevera Mendes Bota “nem tem desmentido possível. Não foi por escuta telefónica. Obtive a informação escrita, em papel timbrado do Governo português”.
Além da questão dos riscos ambientais inerentes, o deputado salienta ainda que a eventual exploração de hidrocarbonetos no Algarve teria um “efeito nulo em termos fiscais, e seria irrelevante em termos de emprego.
“O benefíciário maior de tudo isto é o poderosíssimo “lobby do petróleo” (seja gás ou crude), que pretende prolongar o seu reinado por muitos e bons anos. Estranho é que, numa época em que a opinião pública já se deu conta dos malefícios ambientais de uma economia que cresceu sustentada no modelo económico do petróleo, e em que os desenvolvimentos tecnológicos no domínio das energias limpas e renováveis já deixaram claro serem o caminho do futuro, ainda existam governos que alimentem um modelo energético ultrapassado e académicos que se prestem a esse serviço”, remata o político, para quem tudo isto “é uma cortina de fumo, antes do assalto final”.