900: Quercus defende desocupação das ilhas-barreira e penínsulas na Ria Formosa
A associação ambientalista Quercus apelou hoje ao Governo para ponderar a possibilidade de, a médio prazo, desocupar por completo as duas penínsulas e as ilhas-barreira da Ria Formosa, atingidas esta semana pelo mau tempo.
Numa nota enviada às redações, a Quercus considera que, face às consequências dos temporais na costa sul, as autoridades deveriam, além das construções clandestinas, criar um programa para a desocupação total das duas penínsulas e cinco ilhas barreira, "mesmo que tal implique indemnizar os proprietários".
"Os custos de manutenção da atual situação são muito superiores aos da opção pela renaturalização dos sistemas dunares de proteção dos valores naturais", defende a Quercus.
Os recentes temporais "vêm provar que a única solução adequada para proteger pessoas e bens contra o recuo e erosão acentuados da orla costeira é remover todo o tipo de construções e infraestruturas existentes", consideram os ambientalistas.
Em resposta, o Ministério do Ambiente, contactado pela Lusa, disse que "muito em breve haverá novidades" sobre esta matéria e que será feito um ponto da situação dos trabalhos para a zona, abrangida pelo programa Polis da Ria Formosa.
A Quercus sublinha ainda que a solução mais ambientalmente sustentável face à erosão costeira é a deslocalização de pessoas e bens para o interior, "diminuindo a pressão humana nas orlas costeiras".
Os ambientalistas criticam os sucessivos governos por terem nas últimas décadas investido em esporões e na alimentação artificial das praias "sem qualquer sucesso".
"O avanço do mar continua inexorável, nalguns locais a um ritmo de cerca de seis metros por ano", afirmam, lembrando a verba disponibilizada este ano para "enchimento de praias e obras pesadas de proteção costeira".
A Quercus defende igualmente que o enchimento das praias é um "paliativo de eficácia reduzida" que apenas permite adiar um eventual agravamento das condições na orla costeira.
Sobre esta matéria, o Ministério afirma que está a desenvolver o programa de ação para o litoral, que se prolonga até 2013, "onde se inserem ações de combate à erosão da orla costeira".
"No total serão investidos 500 milhões de euros oriundos de fundos nacionais e comunitários", sublinha o Ministério do Ambiente e Ordenamento do Território.
Estão igualmente a ser desenvolvidas medidas de prevenção das situações de risco, designadamente ao nível da contenção da edificação na zona costeira, recorda.
Fonte: Barlavento Online