855: Força do mar destrói mais quatro casas na Ilha da Fuseta e antecipa demolições
A força do mar destruiu nas últimas 24 horas quatro casas na Ilha da Fuseta, Ria Formosa, antecipando de forma natural as demolições previstas ao abrigo do programa Polis, que podem acontecer ainda este ano.
O número de habitações destruídas naquela ilha pela força da natureza desde 2008 eleva-se agora para 23, restando menos de 60 de um total de 80 casas que ali existiam, apesar de a área estar classificada como sendo Domínio Público Marítimo.
Casas "rasgadas" ao meio e com o recheio de fora, colchões, sofás e loiças espalhadas pelo areal era o cenário que hoje se apresentava naquela ilha-barreira, onde as dunas recuaram cinco metros nas últimas 24 horas.
Na tentativa de reforçar as dunas e impedir que o mar avance sobre as suas pequenas casas de férias, alguns proprietários têm colocado nos últimos dias grandes sacos repletos de areia frente às suas casas.
As demolições de casas na Ilha da Fuseta - onde não restará nenhuma edificação -, poderão avançar ainda este ano, estando a operação dependente da velocidade da conclusão dos Planos de Intervenção e Requalificação (PIR).
A ponte de madeira que dá acesso à praia também ficou destruída, estando os trabalhos de limpeza e remoção de detritos a cargo da Sociedade Polis Litoral da Ria Formosa, que deverá fazê-lo ainda antes do Verão.
Enquanto tira notas do que vai observando, o geólogo Sebastião Teixeira, da Administração da Região Hidrográfica (ARH) do Algarve, explica à Lusa que o facto de as casas se situarem na zona dunar dificulta a sua recuperação natural.
"Na zona onde estão as casas devia haver apenas dunas", diz o geólogo, acrescentando que as pessoas que ocupam as casas não permitem que a vegetação se instale o que é "determinante" para a formação de dunas, além de a presença das casas impedir a reposição de sedimentos.
A Fuseta, entre Olhão e Tavira, é dos poucos casos onde as previstas demolições ao abrigo do programa Polis da Ria Formosa não estão a gerar polémica, uma vez que o núcleo não tem moradores fixos, apenas casas de férias.
A faixa onde se inserem as casas ocupa cerca de 300 metros do cordão dunar, tendo sido a zona Nascente a mais afectada em termos de danos materiais, devido à ausência de dunas, o que facilitou a entrada do mar, que galgou de um lado ao outro da ilha.
Fonte: Lusa