A Universidade do Algarve está a desenvolver um sistema de alerta de riscos costeiros associados a tempestades que permite dar tempo às autoridades e populações para que se previnam contra intempéries.
O sistema, desenvolvido com outros parceiros europeus, permitirá determinar com cerca de três dias de antecedência as consequências previsíveis de uma tempestade nas zonas costeiras, explicou à Lusa o coordenador da parte portuguesa do projecto Micore, Óscar Ferreira.
"O sistema vai determinar se perante uma tempestade há a possibilidade de existir erosão, recuo da linha costeira, danos materiais ou galgamentos oceânicos, entre outros", explicou o investigador do Centro de Investigação Marinha e Ambiental (CIMA) da Universidade do Algarve (UAlg).
Para tal, acrescenta, são tomadas em conta variantes como a previsão meteorológica, agitação marítima e modelos de propagação de ondas e de erosão costeira, bem como a morfologia da zona costeira em causa.
O sistema será desenvolvido em zonas costeiras de nove países europeus: Portugal (na Península do Ancão, Ria Formosa), Espanha, Itália, França, Inglaterra, Bélgica, Holanda, Polónia e Bulgária.
Tendo uma previsão com alguns dias de antecedência - o sistema só se reporta a tempestades específicas -, as autoridades de Protecção Civil e de gestão costeira poderão tomar algumas medidas de protecção e avisar as populações.
Para desenvolver o sistema, tarefa que só se iniciará dentro de cerca de seis meses, foi feito um balanço da variação das tempestades nos últimos 50 anos e verificou-se que no Sul da Europa há uma tendência para a sua diminuição.
"Há uma tendência para o aumento da intensidade das tempestades no Atlântico Norte, ao contrário do Sul, onde se prevê uma ligeira diminuição", disse Óscar Ferreira, acrescentando que a energia e duração das tempestades no Algarve poderão diminuir.
Quanto à ocorrência de tempestades sucessivas capazes de produzir danos como as que ocorreram no último mês de Dezembro e em Janeiro, Óscar Ferreira referiu que estas podem acontecer em cada três a quatro anos, em média.
O problema das tempestades sucessivas é que as zonas costeiras não têm tempo suficiente para recuperar as suas defesas e são por isso mais afectadas do que quando existem tempestades mais espaçadas no tempo.
Apesar do projecto - que está a ser coordenado pela Universidade de Ferrara, em Itália -, se circunscrever a nove locais, a ideia é que o sistema seja usado a nível europeu ou até mundial.
De acordo com aquele responsável, está já terminada a fase do trabalho de campo, que envolveu levantamentos sistemáticos das zonas emersas e submersas e, no caso da Praia de Faro, a captura de imagens através de duas câmaras de vídeo colocadas num local estratégico.
O sistema, que funcionará em modelo aberto, deverá estar pronto dentro de cerca de um ano, altura em que será apresentado às autoridades com competência nas áreas da gestão costeira e protecção civil.
Fonte: Observatório do Algarve