795: Turismo do Algarve pisca o olho ao birdwatching
Turismo do Algarve está de olhos postos nos observadores de aves, uma nova forma de turismo com elevado potencial de crescimento, que poderá resolver em parte a sazonalidade.
“Só no Reino Unido, há mais de 2,4 milhões de observadores de aves e 20 operadores especializados, em Portugal estimamos que existam cerca de 5 mil”, afirma Alexandra Lopes, da Sociedade Portuguesa de Estudo das Aves (SPEA), para evidenciar o interesse deste novo nicho de mercado para o turismo algarvio.
Os dados fazem parte de um estudo encomendado pelo Turismo do Algarve à Associação Almargem e à SPEA, que concluiu pela existência de cinco pontos fundamentais para a observação de aves – ou birdwatching - na região algarvia.
Na Reserva Natural do Sapal de Castro Marim, um dos locais mais ricos a nível nacional em espécies de avifauna, é possível encontrar por exemplo a Gaivota de Audouinn (rara), a calhandrinha-das-marismas, o sisão, a perdiz-do-mar, o cuco-rabilongo e os flamingos.
Estes também se encontram na Ria Formosa, um verdadeiro ‘santuário’ de espécies sobretudo aquáticas e limícolas, como o pernilongo ou o maçarico.
Outros ‘hotspots’ são Vila Real de Santo António (na Mata, podem ver-se o caimão, a pega-azul e o noitibó-de-nuca-castanha) a Costa Vicentina, a Serra do Caldeirão e a Lagoa dos Salgados (uma IBA - Important Bird Area).
"Durante o trabalho que fizemos identificámos vários sítios como 'hot spots', zonas com elevado potencial e riqueza que podem funcionar como âncoras de atracção para o Algarve e que queremos estruturar para oferecer qualidade em termos de birdwatching", explica João Ministro, da Almargem.
Refira-se que, segundo a SPEA, o Algarve é a região do país onde acorrem mais espécies ao longo do ano, sendo mesmo possível encontrar várias raridades.
O estudo preliminar encontrou outros 23 locais com potencial para a observação de aves por amadores ou especialistas, tais como a o Baixo Guadiana, o Caniçal de Vilamoura ou a Ria de Alvor, mas em praticamente todos há um denominador comum que é preciso resolver: a falta de infraestruturas e sinalética.
“Existem várias falhas, como a pouca oferta de empresas de turismo ornitológico, falhas de gestão do território e de articulação entre projectos”, diz João Ministro. “Em compensação, como pontos positivos há o facto de o Algarve ser uma região pequena o que permite visitar vários sítios num só dia, a proximidade com o Alentejo, a gastronomia, a cultura e os voos directos”, acrescenta.
Valores de que o turismo do Algarve está bem ciente e que quer tentar potenciar ao máximo: “Apesar de não constar no Plano Estratégico Nacional de Turismo, o turismo de natureza é para nós uma prioridade. Acredito que numa próxima revisão do PENT possa ser incluído. É preciso encontrar outras formas, para além das clássicas, para rentabilizar o futuro”, salienta Nuno Aires, presidente do Turismo do Algarve.
“É na soma de sub-produtos que o turismo irá assentar”, conclui.
Entre as propostas de valorização do produto birdwatching que o estudo apresenta, são de salientar a formação de guias especializados e de roteiros, realização de eventos ligados à modalidade e a criação de um micro-site de birdwatching.
Se pretende saber mais sobre birwatching, visite o site da SPEA aqui.
Fonte: Observatório do Algarve