728: Nitratos 'afogam' aquíferos
Os aquíferos subterrâneos Querença-Silves e Campina de Faro apresentam concentrações de nitratos acima dos valores legais. Albufeiras estão de boa saúde.
A situação dos aquíferos é preocupante quantitativa e qualitativamente, segundo os dados disponíveis no Relatório sobre a Situação dos Recursos Hídricos no Algarve, datado de Maio de 2009, da responsabilidade da Administração da Região Hidrográfica (ARH) do Algarve (ver aqui).
O sistema aquífero de Querença-silves inclui problemas a nível quantitativo com o volume dos lençóis de água (níveis piezométricos) a apresentar subidas pouco significativas e ligeiramente inferiores às ocorridas em 2008. O relatório da ARH admite mesmo que “a situação deste sistema aquífero não é favorável”.
No que respeita à qualidade, em Querença-Silves no “último semestre húmido observaram-se ligeiras oscilações nas concentrações de cloretos, sulfatos e nitratos”.
O relatório indica que “de um modo geral a água deste sistema aquífero continua a apresentar boa qualidade”, todavia sublinha que “os valores de nitratos em alguns pontos têm vindo a aumentar, ultrapassando o VMR [Valor Máximo Recomendado] da classe A1, nomeadamente naqueles localizados próximo da zona de descarga”.
No sistema da Campina de Faro, um dos mais importantes a nível regional, as perspectivas também não são animadoras. O aquífero é formado por dois subsistemas que apresentam comportamentos diferentes ao nível quantitativo.
Enquanto na Campina de Faro o cenário é favorável, apesar de os níveis piezométricos estarem já em fase de descida, no subsistema Vale do Lobo, a situação é classificada como “muito desfavorável”, uma vez que “as cotas piezométricas continuam negativas, apesar da subida relativamente acentuada, dos níveis piezométricos, no último semestre”.
A qualidade da água fica numa incógnita justificada no relatório da ARH com a ausência de “dados analíticos relativos ao último semestre húmido”.
No total de sistemas aquíferos do Algarve, aquele que apresenta melhores resultados quantitativos é o de Luz-Tavira, cujos níveis têm permanecido elevados desde 2002. Este facto deve-se “parcialmente à recarga adicional, proveniente da rega com água de superfície, pelo que as oscilações anuais são de pequena amplitude”.
O sucesso na quantidade não se reflecte na qualidade, que apresenta problemas “no que se refere às concentrações de cloretos e nitratos”.
“Os valores de cloretos ultrapassam o VMR da classe A1, nas zonas junto ao litoral, enquanto que os nitratos ultrapassam o VMA da classe A1 em algumas zonas do sistema aquífero”, pode ler-se no documento.
A maior parte dos recursos hídricos subterrâneos algarvios apresentam níveis elevados de concentração de cloretos, um que indica a salubridade da água.
Já na água das Albufeiras a avaliação é bastante favorável. A única excepção é a barragem do Arade, “que se encontra apenas a cerca de 25% da sua capacidade útil máxima”.
A ARH prevê que os valores da albufeira do Arade possam descer ainda mais, uma vez que é expectável o “aumento das extracções e da evaporação e ausência de precipitação”, naquela zona do Algarve.
Fonte: Observatório do Algarve