A Liga para a Protecção da Natureza (LPN) considerou hoje que a proposta de um novo Plano de Ordenamento do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina põe em risco as espécies e os habitats e “viola directivas internacionais”.
“A ser posta em prática a actual versão, que ainda é uma versão de trabalho deste plano, consideramos que ficam em risco os objectivos do parque e as espécies, os habitats e a paisagem”, afirmou Francisco Moreira, da direcção nacional da LPN.
Em declarações à agência Lusa, o dirigente ecologista disse que a LPN "pretende evitar que algumas das normas que existem neste plano sejam efectivamente postas em vigor”.
“Tão graves são que podem levar à destruição de espécies e habitats protegidos por directivas comunitárias. Daí a nossa intenção de informar a Comissão Europeia, caso esta proposta vá para a frente, para a violação de directivas internacionais”, avançou.
A Liga "pretende alertar a opinião pública, a sociedade e também a União Europeia relativamente ao que se passa com a proposta que está em cima da mesa para o Plano de Ordenamento do Parque”, disse, aproveitando o Dia do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina (PNSACV), que se celebra hoje.
O dirigente da LPN considerou ainda que a actual proposta “recua” em relação ao Plano que está em vigor e “sugere que os valores naturais do parque podem ficar em risco”, identificando “a pressão turística” e a “rega na agricultura” dentro do Parque como “dois problemas graves”.
“O Parque tem dois problemas graves, entre outros, que têm a ver com a pressão turística no litoral e com a existência do perímetro de rega na agricultura dentro do Parque”, afirmou Francisco Moreira.
“Nos últimos anos temos assistido a uma proliferação de aprovações de empreendimentos turísticos em áreas sensíveis e extremamente valiosas para a conservação da biodiversidade, como o Espartal e o Martinhal, a uma aposta continuada em práticas agrícolas intensivas de regadio e a um fechar de olhos à delapidação dos recursos marinhos”, alertou a LPN, em comunicado.
Segundo Francisco Moreira, “as propostas deste plano hipotecam as possibilidades de salvaguardar a conservação da natureza na área do Parque”.
Para a Liga, o futuro do PNSACV deve passar “pelo reforço” de medidas de protecção da natureza e da biodiversidade e pela “atribuição do estatuto de Parque Nacional”, numa zona que classifica como “uma das mais importantes áreas naturais costeiras do Sul da Europa”.
A LPN considera que o novo Plano de Ordenamento deve “impossibilitar a construção de empreendimentos turísticos fora dos perímetros urbanos” e “rejeitar a instalação de novos campos de golfe e de parques eólicos”.
“Conciliar as práticas agrícolas com a conservação dos valores naturais”, “aumentar a área de Protecção Total” e “aumentar as áreas de protecção marinha para um mínimo de 30 por cento” são outras medidas que a Liga defende que devem constar no Plano de Ordenamento.
O Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina estende-se entre a ribeira da Junqueira, em São Torpes, e a praia de Burgau, no Algarve, abrangendo os concelhos de Sines, Odemira, Aljezur e Vila do Bispo.
Fonte: Barlavento Online