564: Cimpor de Loulé vai mesmo ter co-incineração
A Câmara de Loulé aprovou o projecto de construção de um silo para queima de biomassa vegetal nas instalações da cimenteira Cimpor, naquele concelho.
Esta decisão voltou a levantar a polémica em torno da co-incineração e foi já criticada pelos activistas que lutam contra esta prática.
Segundo revelou ao barlavento.online o presidente da Câmara de Loulé Seruca Emídio, a cimenteira apresentou na autarquia dois projectos para silos de queima e armazenamento de resíduos: um para a queima de resíduos vegetais e outro para a queima de resíduos animais.
«Nós aprovámos o de queima de vegetais, mas chumbámos o que previa a queima de farinhas animais», disse. O autarca frisou que a competência da Câmara nesta matéria não vai além da aprovação ou rejeição do projecto de construção civil.
A situação foi denunciada ao nosso jornal por Jorge Castanheira de Barros, jurista que desde há muito luta contra o avanço da co-incineração no país.
Além de ser o causídico que representa as Câmaras de Setúbal, Palmela e Sesimbra nos processos contra a co-incineração no Outão, foi «o primeiro signatário» do documento que condenava a mesma prática em Souselas, Coimbra.
Para Castanheira de Barros, a aprovação deste silo vai abrir portas a que sejam queimados, no futuro, resíduos perigosos. Em declarações ao barlavento.online, assegurou que, em Souselas e no Outão, onde já é feita a queima de resíduos perigosos, o processo foi lançado desta forma.
«Temo que a Câmara de Loulé possa ter sido enganada com a expressão "combustíveis alternativos", usada pela Cimpor. Na verdade, o que começa com a queima de resíduos banais acaba por evoluir para a queima de resíduos perigosos», assegurou.
Seruca Emídio afirmou, por seu lado, que não pode chumbar um projecto que visa usar energias alternativas limpas, «algo que até é necessário», com medo que, no futuro, ele seja utilizado de uma forma que não foi autorizada.
O que fez, para evitar e salvaguardar esta situação, foi deixar bem explícito que o uso do silo só podia ser aquele. «O alvará diz lá que o silo só pode ser utilizado exclusivamente para a queima de biomassa vegetal», assegurou.
«Tivemos essa preocupação. Agora, compete às autoridades de fiscalização garantir que este silo não é usado para outros fins», disse.
Este processo já vem de 2006, altura em que a autarquia chumbou dois projectos semelhantes. A polémica que se levantou então promete voltar, com a aprovação deste projecto.
Depois de conseguir a aprovação do projecto de construção civil e o alvará para construção do silo, apenas falta à Cimpor a autorização do Governo para avançar com a queima de resíduos, neste caso, vegetais.
Fonte: Barlavento Online