Os peritos da UNESCO que prepararam o relatório de viabilidade da criação do Centro Internacional de Ecohidrologia Costeira na Universidade do Algarve querem que o novo centro de investigação esteja a funcionar já em Fevereiro.
Segundo Luís Chícharo, professor da academia algarvia responsável pela candidatura apresentada pelo Governo à organização internacional, o prazo dado pelos peritos está relacionado com a vontade de levar a proposta lusa à votação do plenário do Conselho Executivo da UNESCO em Abril do próximo ano.
«Temos um mês para ultimar uma série de coisas e uma delas é a definição de instalações autónomas e perfeitamente reconhecidas», revelou ao «barlavento».
Já há duas semanas, depois de ter visitado a Universidade do Algarve, o grupo de peritos internacionais reuniu-se com representantes dos Ministérios da Ciência e Tecnologia, do Ambiente e dos Negócios Estrangeiros, para avaliar o investimento que o Governo pretende fazer no projecto.
«Em termos técnicos, não houve [da parte dos peritos] qualquer sugestão de alteração da proposta, o que é muito bom, falta agora o acordo financeiro entre os ministérios e o estabelecimento das instalações», disse ainda Luís Chícharo, em jeito de balanço.
De acordo com as declarações do responsável, a academia algarvia pretende aproveitar os laboratórios do Centro de Investigação de Ambientes Costeiros e Marinhos (Ciacomar) em Olhão, para aí estabelecer a componente de investigação do centro. «Há essa sugestão e permitir-nos-ia uma instalação rápida», refere.
A dúvida, para já, está na localização dos serviços administrativos do novo centro. A Câmara de Faro já ofereceu espaços para a instalação destes escritórios, mas há também alternativas oferecidas pela autarquia de Olhão.
A avaliação está a ser feita pela universidade, que terá que ter também em conta o que definir o Governo sobre esta matéria, nomeadamente a eventual construção de um edifício novo.
A indefinição prende-se com a necessidade de autonomia própria do centro que a UNESCO impõe. Embora seja a Universidade do Algarve a lançar o projecto e integre alguns dos mais prestigiados investigadores da academia, o centro deverá ser uma estrutura à parte.
Foi já, por isso, criada uma associação de direito privado para gerir a nova estrutura, integrando as autarquias de Faro, Olhão e Vila Real de Santo António e a empresa Águas do Algarve, além da universidade.
Segundo Luís Chícharo, o centro irá não só desenvolver investigação sobre a gestão de recursos hídricos costeiros, como também promover formação avançada para especialistas na matéria.
Está, inclusive, a ser estabelecida uma rede de colaboração com mais de três dezenas de instituições de todo o mundo, com o intuito de prestar formação e desenvolver projectos de investigação comuns.
A ser aprovado, o centro algarvio será o segundo do género na Europa e um dos 17 que a UNESCO reconhece em todo o mundo.
Será principalmente virado para a problemática da gestão dos recursos hídricos no Mediterrâneo e em África, facto especialmente importante para a UNESCO, devido à ligação aos países de expressão portuguesa.
Fonte: Barlavento Online