“Estamos convencidos que, ao longo dos anos em que as pessoas eram obrigadas a consumir água engarrafada, elas habituaram-se a esse sabor e é por isso que ainda hoje consomem”, disse ao OA a directora de comunicação da empresa, Teresa Fernandes.
De facto, acentua, os subsolos calcários de onde era extraída toda a água consumida até há uma década na região faziam degradar a qualidade do produto, o que levava algarvios e forasteiros a consumirem água engarrafada como não acontecia em nenhuma outra zona de Portugal.
Ainda hoje, boa parte dos detergentes de máquina e anti-calcários aponta a água algarvia como “dura” (isto é, cuja natureza calcária dificulta a formação de “sabonária”) e a população continua a consumir água engarrafada em grandes quantidades.
Lamentando que o grosso da população ainda não se tenha apercebido da mudança estrutural, Teresa Fernandes recorda que há menos de um ano se tornou na primeira água “em alta” do mundo (transportada até ao reservatório municipal, a partir do qual é feita a distribuição "em baixa") a ser certificada como produto alimentar de qualidade.
Ressalvando que, em algumas canalizações mais antigas, a qualidade da água se pode degradar um pouco, ou tornar-se barrenta, a directora de comunicação da Águas do Algarve desaconselha, ainda assim, o uso de filtros, por retirarem nutrientes ao produto que originalmente sai das torneiras.
A nova rede de abastecimento de água substituiu uma rede integralmente baseada nas captações de subsolo e neste momento nenhum dos velhos furos camarários se encontra activo. Existem, são mantidos como “reserva” para situações de escassez devido a seca, mas não estão no activo do abastecimento de água.
Odelouca completará o sistema em 2010
A água de rede abrange 95 por cento da população algarvia (cerca de 485 mil pessoas) e os milhões que visitam a região ao longo do ano, esclarece a empresa Águas do Algarve. Só os restantes cinco por cento do consumo são feitos a partir de furos particulares ou cisternas, após comercialização por parte de proprietários de grandes furos.
Estes indicadores tornam o Algarve a região do País com maior índice de água canalizada face à população global, segundo a Águas do Algarve, o que ocorre em grande parte devido às características morfológicas do terreno e ao tipo de povoamento em causa.
De acordo com dados da empresa, no ano passado foram consumidos na região 69 milhões de metros cúbicos e este ano, até ao momento, já se consumiram 48 milhões.
A inflacionar os números está a população flutuante, que se concentra sobretudo nos meses de Verão e faz com que a população “dispare” para os 1,5 milhões de habitantes em Agosto. A título de exemplo, em Janeiro deste ano o consumo foi de 4 milhões de metros cúbicos e em Agosto, no pino do Verão, já era de 9 milhões, isto é mais 130 por cento do que sete meses antes.
A água que fornece a região vem do sistema de barragens de Odeleite e Beliche, a Norte de Castro Marim, e da barragem da Bravura, na zona Noroeste do concelho de Portimão. As três barragens deixaram de ser exclusivamente agrícolas para se tornarem fontes de abastecimento de água em rede.
Os dois sistemas comunicam entre si através de uma estação elevatória reversível situada em Loulé, pelo que uma das “metades” do Algarve pode ajudar a outra em caso de necessidade.
Para o final de 2010 está prevista a entrada em funcionamento da barragem de Odelouca, com capacidade para 134 milhões de metros cúbicos, que fornecerá água ao barlavento e, em caso de necessidade, dará “uma mãozinha” ao Leste do Algarve.
Fonte: Observatório do Algarve