414: Quercus quer mais investimento na conservação de habitats e espécies
A Quercus exige um reforço do investimento público na conservação de habitats e espécies pois, mesmo com a Directiva Habitats, em vigor há 10 anos, "o panorama é extremamente negativo".
Numa informação sobre o relatório de implementação da Directiva Habitats na União Europeia (UE)entre 2001 e 2006, a que a Lusa teve acesso, a associação ambientalista afirma que "10 anos depois do início da implementação da Directiva Habitats o panorama é extremamente negativo".
Por isso, a Quercus "exige um reforço do investimento público na conservação de habitats e espécies e um outro empenho por parte dos governos da República e Regiões Autónomas" no cumprimento dos compromissos que o Estado português assumiu internacionalmente.
A Quercus chama a atenção para o estado de "conservação desfavorável" de vários habitats e espécies em Portugal e critica "a elevada ausência de informação disponível no âmbito da caracterização de habitats e espécies".
"Cerca de 60 por cento dos habitats e 33 por cento das espécies representados nas diferentes áreas biogeográficas de Portugal apresentam um estatuto de conservação desfavorável", defende a Quercus.
O relatório de implementação da Directiva Habitats na UE encontra-se em consulta pública até 15 de Setembro.
Um dos seus artigos estabelece a obrigatoriedade dos Estados membros prestarem informações sobre as medidas de conservação adoptadas e resultados da sua aplicação, explica a Quercus e avança que "até à presente data o Instituto para a Conservação da Natureza e Biodiversidade não disponibilizou o relatório técnico e o resumo não técnico para consulta".
Por isso, a associação analisou os dados disponíveis on-line pela Comissão Europeia e concluiu que "ao nível do estatuto de conservação dos habitats e espécies, constata-se que cerca de 60 por cento dos habitats e 33 por cento das espécies representados nas diferentes áreas biogeográficas apresentam um estatuto desfavorável".
Para a Quercus, se continuar "o desinvestimento no conhecimento e na conservação da natureza e da biodiversidade, é mais que provável que, num futuro próximo, o panorama seja ainda mais negativo com custos gravosos para o ambiente e desenvolvimento do país".
Recordou que, nos últimos anos têm sido viabilizados vários grandes projectos turístico-imobiliários, e também industriais, em zonas de Rede Natura 2000, "acentuando a ameaça sobre o rico, mas frágil, património natural" de Portugal.
A Quercus acrescenta ainda ter analisado os 99 habitats descritos para Portugal, distribuídos por cinco áreas biogeográficas totalizando 158 representações, constatando que somente 30 por cento apresentam um nível de conservação favorável, e dos restantes 70 por cento, cerca de nove por cento apresentam um estatuto de conservação desconhecido, 52 por cento desfavorável-inadequado e 9 por cento desfavorável-mau.
Na análise por região biogeográfica, a Quercus refere "um total desconhecimento do estado de conservação dos habitats da região Marinha Atlântica enquanto que nas outras regiões a maioria dos habitats apresenta estatuto de conservação desfavorável: Mediterrânica (63 por cento), Atlântica (72 por cento) e Macaronésica (Açores e Madeira) (57 por cento).
Fonte: LUSA