Marés vivas galgaram esta noite a Praia dos Salgados e romperam a Lagoa, em Albufeira, uma das mais importantes zonas húmidas do Algarve utilizada para a nidificação de aves, tendo sido decretada a interdição a banhos, indicou fonte oficial.

Uma mancha verde oriunda da Lagoa dos Salgados e a possibilidade de alguns efluentes terem sido libertados no mar levaram a que a Praia dos Salgados fosse esta manhã interdita a banhos, informou a Autoridade Marítima.

"Por precaução", e em parceria com a Autoridade da Saúde e Ambiente, a Autoridade Marítima do Sul decidiu também içar a bandeira amarela nas praias contíguas à dos Salgados - Armação de Pêra e Galé.

É a segunda vez este Verão que a Lagoa dos Salgados, importante zona húmida situada nos concelhos de Silves e Albufeira, foi rompida por força das ondas do mar.

A 26 de Junho, uma onda do mar galgou a praia junto à Lagoa dos Salgados, em Albufeira, e rompeu aquela zona húmida classificada como habitat de conservação prioritário e uma das áreas mais importantes para as aves em Portugal.

Em Abril deste ano, a Lagoa dos Salgados foi também esvaziada com a autorização da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve.

O canal aberto entre a Lagoa dos Salgados e o mar permitiu o escoamento de água, causando a perda de ninhos de aves aquáticas, facto criticado por algumas associações de ambientalistas, que referiram que haviam sido violadas regras básicas de conservação relativamente à Lagoa dos Salgados.

Na altura a CCDR/Algarve explicou à Lusa que o esvaziamento da lagoa foi autorizado porque durante o Inverno de 2008 aquele habitat foi alvo de "fenómenos de galgamento oceânico", "sofreu grande influência oceânica durante esta época húmida" e recentemente, "após um episódio intenso de precipitação" aumentou uma subida brusca ao nível da lagoa.

O ministro do Ambiente chegou mesmo a admitir que o esvaziamento da Lagoa dos Salgados, Algarve, autorizado pela CCDR/Algarve, tinha sido um "desastre ecológico", mas que estava ultrapassado com a reposição arenosa.

Os destinos turísticos com a praia na sua oferta poderão perder a sua viabilidade, face às mudanças climáticas que já se fazem sentir.

O aumento da temperatura em Portugal foi de 1,2 a 1,5 graus Celsius nos últimos 20 anos, indicando que haverá cada vez mais verões quentes e a presença de altas temperaturas e das ondas de calor será dez vezes mais frequentes até 2050.

Outra das consequências será a subida do nível das águas do mar, devido ao degelo e outras calamidades naturais, que será uma ameaça para a ocupação humana na orla costeira.

A indústria turística e do lazer é um dos grandes contribuidores para estas alterações climáticas, pelo uso dos transportes e recurso a sistemas energéticos de frio e calor, que são responsáveis por uma percentagem de até seis por cento das emissões de carbono, as responsáveis pelo efeito estufa.

O Programa das Nações Unidas para o Ambiente, Organização Mundial do Turismo e Organização Meteorológica Mundial, alertam para o crescimento contínuo do sector, que poderá 1,5 mil milhões de viagens em 2020 e ter como consequência um aumento de 150 por cento das emissões nos próximos 30 anos.