405: Ria Formosa está transformada em estacionamento de domingo
O quilómetro zero do Parque Natural da Ria Formosa está a ser invadido por automóveis que procuram alternativas fáceis ao estacionamento da praia da Manta Rota, nos dias de maior afluência. ICNB alega falta de meios e diz que já pediu colaboração da autarquia.
Mais de duas centenas de automóveis «invadiram» a zona protegida do Parque Natural da Ria Formosa (PNRF) no passado domingo, perto do estacionamento da praia da Manta Rota.
A zona afectada pelo parqueamento abusivo marca o início de uma das mais importantes zonas húmidas nacionais, mas nem isso parece ter sido argumento suficiente para que as baias e as duas filas de vedações não fossem quebradas furtivamente pelos automobilistas, na tentativa de ampliar a capacidade do parque.
As consequências não se fizeram esperar e, logo às primeiras horas da manhã de domingo, várias dezenas de automóveis aproveitaram a «brecha» para estacionar junto às dunas ou conseguir chegar às zonas mais desafogadas da praia, mesmo que isso tivesse implicado o atravessamento de várias centenas de metros de área classificada.
Na própria manhã de domingo, um leitor alertou o «barlavento» para a situação, tendo de imediato também avisado as autoridades e contactado a própria sede do PNRF.
A mesma fonte, que pediu o anonimato, garante contudo que a situação se tem repetido todos os domingos de Agosto, dias em que a praia regista um maior afluxo de utentes.
E o caso nem sequer é isolado: restos de fitas da GNR entretanto destruídas e espalhadas no chão deixam escapar a pouco visível mensagem de «área interdita».
«Existem baias de contenção do espaço Manta Beach Club que poderiam ser inclusivamente utilizadas para vedar aquele acesso, mas os seguranças que ali permanecem apenas se têm preocupado em vigiar a discoteca», atira a mesma fonte.
Nesse mesmo dia, o «barlavento» visitou o local e verificou que, perto das 19 horas, ainda permanecia na zona “protegida” quase uma centena de automóveis, não existindo qualquer entrave à entrada naquela área. Também não existia qualquer sinalética indicando a proibição de trespassar os limites do estacionamento.
Na ocasião, e mesmo já com dezenas de lugares disponíveis no parque, vários automobilistas tentavam ainda a entrada na reserva natural, embora ficassem incomodados perante a câmara fotográfica do «barlavento», aguardando pela ausência das objectivas para depois ali circular.
ICNB alega falta de meios
Contactado pelo «barlavento», o director-adjunto do Departamento de Gestão das Áreas Classificadas do Sul Luís Ferreira disse já ter conhecimento da situação, embora alegue que o reforço de vigilantes para as zonas florestais esteja a condicionar a fiscalização daquela área do PNRF.
De qualquer forma, o responsável do Instituto da Conservação da Natureza e Biodiversidade (ICNB) revelou ter solicitado auxílio à Câmara Municipal de Vila Real de Santo António para que a vedação seja reposta ainda esta semana.
Além disso, prossegue, «quer a GNR, quer a autoridade marítima estão habilitadas a levantar autos ou multas de estacionamento», mas, segundo o «barlavento» verificou, apenas umas das viaturas em transgressão ostentava a autuação.
Questionado sobre a ausência de placas a informar da interdição da circulação naquele local e da aproximação de uma área protegida, Luís Ferreira entende ser difícil sinalizar todo os territórios contíguos ao PNRF e alega que, tal como aconteceu com as barreiras da Manta Rota, «há uma constante destruição da sinalização».
Fonte: Barlavento Online