391: Quinta do Marim: pagar vai valer a pena
Fonte do ICN disse ao OA que as obras deverão avançar muito em breve, mas a direcção do parque considera ser ainda prematuro divulgar em que consistirão. Depois do Verão, haverá novidades.
Fiquemo-nos pois pelo capítulo dos desejos: os ambientalistas gostariam que, entre as futuras realizações, estivesse a recuperação e abertura do moinho de maré – construído em 1885 e que funcionou até 1970 -, a reabilitação definitiva do pontão, a requalificação dos painéis indicativos e a realização de obras na sede, actualmente muito degradada.
João Ministro, dirigente da associação ambientalista Almargem, garante que, por ali, o pontão de atracagem dos barcos só funciona – a título provisório – porque a sua associação o recuperou, para que estivesse apto a receber embarcações e pessoas no âmbito da Feira Nacional de Parques Naturais e Ambiente 2008, que ali se realizou em finais de Julho.
O espaço, designado Centro de Educação Ambiental, tem uma barca de atum recuperada, única no Pais, um observatório de aves e alberga nos seus 60 hectares núcleos social e ambientalmente tão importantes como um canil dedicado aos cães d’água e o centro de recuperação de aves selvagens, fundamental para o tratamento de pássaros feridos.
A quinta deverá continuar a constituir o único pedaço de área protegida do Algarve onde se paga entrada, mesmo depois da recente entrada em vigor de um diploma que prevê o pagamento de entradas em áreas públicas de parques naturais para financiar a conservação da natureza e a biodiversidade.
O diploma prevê a isenção de pagamento a residentes dos concelhos abrangidos por aquelas áreas classificadas e cria uma nova estrutura designada Rede Fundamental de Conservação da Natureza, para juntar à REN (Reserva Ecológica Nacional) e à Reserva Agrícola Nacional (RAN).
João Ministro não discorda do princípio do pagamento – aliás já em execução há alguns anos no Centro de Educação Ambiental -, mas sustenta que “deveria haver mais atractivos para cativar as populações”, e observa que os 60 hectares da quinta são “uma gota de água” nos 20 mil hectares da Ria, esmagadoramente nas mãos de privados.
“Para aplicar essas taxas de forma mais abrangente, teria que haver um acordo com os privados, que detêm boa parte da área da quinta, sublinha.
Além da Ria Formosa, sistema lagunar que abrange toda a área costeira entre Faro e Cacela (já no concelho de Vila Real de Santo António), o Algarve é englobado ainda por outras duas reservas naturais, qualquer delas sem áreas do Estado enquadráveis pela nova legislação: o sapal de Castro Marim e a Costa Vicentina, que além de território algarvio se estende à costa alentejana.
Fonte: Observatório do Algarve