297: Combustíveis: Quebra em Faro atingiu 9,3% desde Janeiro
A quebra na venda de combustíveis na cidade de Faro cifrou-se em 9,3 por cento, de Janeiro para cá. Em Vila Real de Santo António atingiu os 35 por cento. Números da ANAREC.
Augusto Cybrom, presidente da Associação Nacional dos Revendedores de Combustível (ANAREC) - entidade que está a fazer um levantamento sobre os reflexos da concorrência espanhola -, adiantou ao OA que além dos 9,3 por cento de Faro e dos 35 de Vila Real, em Tavira a descida atinge os 24 por cento.
Com o gasóleo a gasolina a 1,086 e o gasóleo a 1,083 euros, as bombas de Ayamonte, grande parte do último terço algarvio antes da fronteira ruma aos postos espanhóis, o que está a levar a crise a dezenas de bombas portuguesas.
Um dos mais sofridos será porventura Francisco Mateus, 71 anos, concessionário de uma bomba da Repsol com vista para o “inimigo”, do outro lado do Guadiana, que já só se arrepende de não ter vendido o negócio quando era rentável fazê-lo, no início do século.
"Só não fechei porque tenho aqui familiares empregados, que dependiam disto para viver", justifica o concessionário da Repsol de Vila Real de Santo António, logo ameaçando que "qualquer dia" abandona mesmo tudo. O que lhe vai valendo são os "dez ou doze fiados", apesar de já ter ficado a arder em algumas situações.
Só a frota de algumas dezenas de veículos da câmara local – que ao contrário da Câmara de Tavira ainda não vai abastecer ao outro lado - vai salvando Francisco Mateus da falência.
Um pouco mais para oeste, um funcionário da BP da EN125 próximo da rotunda de Monte Gordo, Manuel Godinho, 52 anos, afirma que esse período pode chegar aos 60 dias, já que "a maior parte das vezes pagam no fim do mês e com cheques de data posterior".
Afiança que a crise está instalada há alguns anos, mas a afluência "caiu ainda mais desde há umas semanas para cá".
"Este posto chegou a fazer 7.000 contos [14 mil euros] por turno, mas hoje quando fazemos 1.500 euros já é muito", contabiliza, acrescentando que já dois colegas seus tiveram que ser dispensados.
Uma empregada de um posto da Galp em Tavira – cidade onde, segundo a ANAREC, as quebras foram de 24 por cento nos últimos seis meses - calcula que os últimos aumentos dos combustíveis deram uma "machadada" ainda maior na vendas, de 50 por cento, pois hoje "praticamente toda a gente de Tavira vai a Espanha".
Uma colega sua ainda mais a oeste (ver outro artigo aqui), da Galp dos Salgados, Faro, calcula em mais de 20 por cento as quebras de vendas desde há um mês para cá e jura que já há muita gente a meter cinco ou 10 euros apenas para chegar à terra de “nuestros hermanos”.
Gente para quem, porventura, a última esperança de ver a situação invertida a curto prazo se esboroou esta terça-feira no parlamento, quando a Autoridade da Concorrência – após um mês de análises – concluiu que, afinal, não há combinação de preços, nem nenhuma irregularidade por parte das gasolineiras portuguesas...
Fonte: Observatório do Algarve