226: Algarve pode poupar milhões de euros com «Carta Energética do concelho»
O Algarve pode poupar vários milhões de euros em consumos energéticos depois de aderir à "Carta Energética do concelho", um projecto que permite conhecer os consumos reais das autarquias desde a electricidade à água.
Catorze das 16 câmaras algarvias, à excepção de Faro e São Brás de Alportel, estão a aderir à "Carta Energética do concelho", indicou a Agência Regional de Energia Ambiental do Algarve (AREAL).
"Tal como há a "Carta Educativa", que é o planeamento da rede escolar, há a "Carta Energética" que é um plano com a descrição dos fluxos energéticos do concelho, explicou à Lusa Macário Correia, o presidente da AREAL.
No fundo é ter uma política energética a nível concelhio que permite saber que poupanças se podem efectuar, e que podem chegar a vários milhares de euros, defendeu Macário Correia.
"Saber o que é que gastamos de energia e de onde é que ela vem, e por outro lado, ver onde se pode reduzir os consumos e onde se podem fazer melhorias de eficiência energética" são alguns dos objectivos, explicou Macário Correia.
O director da AREAL José Torrão, por seu turno, recordou que num estudo realizado entre 2001 e 2006, em todos os concelhos algarvios, excepto Lagoa e São Brás de Alportel, conseguia-se poupar "1,4 milhões de euros sem um tostão de investimento" só na melhoria de contratos dos consumidores de meia tensão e baixa tensão especial.
Conhecer os consumos reais de energia eléctrica e compará-los com a factura da EDP pode permitir poupar, só em iluminação pública, entre dois a três mil euros por ano numa Câmara como a de Albufeira, mencionou ainda o director da agência AREAL.
A "Carta Energética" é uma espécie de "google earth" (pesquisa com imagens de satélite, terrenos e edificações a três dimensões) que com mapas normais e fotos aéreas permite fazer um "zoom" num sítio da Internet e ver os edifícios das câmaras.
Todos os consumos, auditorias energéticas, aparelhos electrodomésticos, projectos realizados e a decorrer, entre outras informações, é possível conhecer através da "Carta Energética do concelho", enumera José Torrão, da AREAL.
"Os edifícios camarários vão estar georeferenciados o que vai permitir saber, por exemplo, quanto gastam em iluminação pública", acrescenta, referindo que a maior das câmaras "só sabe quanto paga, mas não sabe quanto gasta detalhadamente para poder poupar.
Serve também de prova para perceber se as facturas estão correctas e poder contrapô-las com outras informações credíveis, sustenta a AREAL, empresa que está a concretizar o projecto Carta Energética do concelho.
As Câmara de Albufeira e Tavira são as que estão em fase mais avançada no processo, logo seguidas das autarquias de Lagos, Portimão e Aljezur, enquanto que Loulé está ainda em fase de estudo.
Faro e São Brás de Alportel ainda não mostraram vontade de estabelecer o protocolo com a AREAL, informou aquela agência.
A Lusa contactou a Câmara de Faro, e segundo o presidente José Apolinário, aquela autarquia "prefere tirar partido do protocolo estabelecido entre a Associação Nacional de Municípios Portugueses e a EDP para fazer estudos de controlo energético".
A AREAL é uma associação de direito privado sem fins lucrativos e foi constituída em Julho de 2000 no âmbito do Projecto SAVE II da Comunidade Europeia.
Fonte: LUSA