176: FARO: Casas nas ilhas ficam de pé, mas…
Questionado sobre a demolição de "1.300 casas nos ilhotes e ilhas barreira" e a "renaturalização de 83 hectares de ilhotes e ilhas barreira", conforme se lê na proposta do Polis, o presidente da Câmara de Faro respondeu, na quarta-feira, que nenhuma casa será demolida enquanto não houver planos de pormenor.
À margem da Assembleia Municipal de Faro, adiada para hoje, o autarca José Apolinário explicou que sobre as demolições tinha de se "analisar caso a caso", argumentando que há casas legais em zonas de risco e casas ilegais em zonas seguras.
O autarca, contudo, não se cansou de repetir várias vezes ao longo da noite: "Faro tem de avançar".
"Faro tem de avançar como os outros municípios [Loulé, Tavira, Olhão que já aprovaram o programa Polis] e tem de avançar para a frente ribeirinha e respeitando os direitos das pessoas", declarou.
A Assembleia Municipal de Faro prevista para deliberar hoje sobre o programa "Polis Litoral Ria Formosa" foi adiada para quinta-feira por falta de espaço para receber centenas de moradores das ilhas barreira que quiseram participar na reunião.
As centenas de pessoas que se deslocaram ao salão nobre dos paços do Município de Faro foi-lhes comunicado, já passava das 22h00, que a sessão extraordinária da Assembleia Municipal ia ser adiada para quinta-feira, às 21h30, no Teatro Municipal de Faro, (Teatro das Figuras).
"Não temos condições para fazer a Assembleia Municipal, porque o espaço é pouco. Não vai ser esta noite mas vai ser já amanhã no Teatro Municipal de Faro", anunciou Luís Coelho, presidente da Assembleia Municipal, notícia que não agradou aos participantes e foi recebida debaixo de apupos e contestação.
Helena Santos, uma deputada eleita pelo PSD para a Assembleia da Junta de Freguesia de S. Pedro, chegou mesmo a questionar o autarca José Apolinário de como é que se arranja dinheiro para o Polis e ao mesmo tempo se deve dinheiro às Juntas de Freguesia daquele concelho.
"Desde 2007 que não recebemos dinheiro dos protocolos que estabelecemos com a Câmara, nem as associações, nem os clubes. Não sei onde é que foram agora buscar dinheiro", lançava Helena Santos, acusando a autarquia de ter "trocado as casas da Ilha de Faro pela marina internacional [prevista no Polis da Ria Formosa].
Cidália Argel, 63 anos, moradora na Ilha dos Hangares - Concelho de Faro mas mais próxima de Olhão - disse à Lusa viver naquela ilha há mais de 30 anos e que só sai da sua residência se lhe derem outra habitação mas tem que ser numa ilha.
"Venho hoje aqui na expectativa que não me deitem abaixo a minha casinha mas se a deitarem abaixo e me derem uma nova só se for também numa ilha", declarou, ameaçando que se lhe "deitarem a casa abaixo", vai "dormir numa tenda para cima do entulho".
No final de Fevereiro, o presidente da Câmara de Faro, José Apolinário, apresentou à comunicação social o novo programa Polis para a frente ribeirinha da capital algarvia e declarou então que em 2012 a cidade ganharia "uma nova imagem" virada para a Ria Formosa.
Com o lema "Faro - Viver Ria", o novo "Programa Polis Litoral Ria Formosa" terá a parceria com o Estado e mais três municípios algarvios além de Faro: Loulé, Olhão e Tavira.
O autarca acredita que, em cinco anos, os farenses vão ver requalificado o Parque Ribeirinho (investimento de 3,5 milhões de euros), o acesso à Praia de Faro (3,4 milhões de euros) e o Parque Ludo (junto à ria) (1,3 milhões de euros).
A construção de uma marina de nível internacional, a recuperação da zona lacustre e de moinhos de maré e criação de zonas de lazer e turismo são outros exemplos da mudança da frente ribeirinha em Faro.
A renaturalização da Ilha de Faro mas também de outros espaços marítimos nos Concelhos de Olhão, Loulé e Tavira está prevista no novo programa "Polis Litoral Ria Formosa", um plano estratégico de requalificação e valorização da Ria Formosa, cujo investimento total é superior a 80 milhões de euros e prevê a constituição de uma empresa de capitais sociais com a ParqueExpo.
Fonte: Observatório do Algarve