101: Portugal na mira da Al-Qaeda
Os serviços secretos de Espanha alertaram as autoridades portuguesas para a possibilidade de uma acção terrorista. Em Portugal, o director do Gabinete Coordenador de Segurança desvaloriza os dados, mas garante que as autoridades estão atentas.
Segundo o diário espanhol El Pais, Portugal, França e Reino Unido foram avisados pelos serviços secretos espanhóis (Centro Nacional de Inteligencia) para a possibilidade de operações terroristas iminentes.
Fontes dos serviços secretos, citadas pelo jornal, adiantam que os três países podem estar na rota de células terroristas “itinerantes” formadas, na sua maioria, por militantes paquistaneses.
O alerta às autoridades portuguesas coincidiu com a operação policial levada a cabo em Barcelona, na sequência de uma investigação dos serviços secretos espanhóis. Em conferência de imprensa, o ministro espanhol do Interior, Afredo Pérez Rubalcaba, revelou que os 14 elementos detidos na cidade catalã pertenciam a “um grupo com um nível de organização importante, que havia dado um passo para lá da radicalização”.
Ainda de acordo com Rubalcaba, os serviços secretos espanhóis receberam alertas de várias agências congéneres europeias para a iminência de “uma acção terrorista em solo espanhol, concretamente em Barcelona”.
A polícia concentrou atenções em cinco residências de Barcelona, tendo encontrado quatro detonadores.
O jornal El Pais adianta que as autoridades apreenderam triperóxido de triacetona, o mesmo explosivo utilizado em acções terroristas na Grã-Bretanha e em Marrocos.
As detenções foram concretizadas na antecâmara de uma deslocação do Presidente paquistanês à Europa. Pervez Musharraf visita, na próxima semana, Londres e Paris, antes de rumar ao Forum Económico de Davos, na Suíça.
O director do Gabinete Coordenador de Segurança garante que não há qualquer fonte credível que confirme as informações tal como estas estão a ser divulgadas em Espanha. O general Leonel de Carvalho confirma ter recebido, na sexta-feira, informações sobre o assunto, mas de fontes pouco seguras.
“Provavelmente, ligar Portugal aos países mais ameaçados tem um pouco a ver com a proximidade geográfica com Espanha, porque não há mais nenhum indício que refira a possibilidade de Portugal ser um alvo privilegiado de ataques da al Qaeda”, disse o responsável.
Embora desvalorize os dados conhecidos, Leonel de Carvalho não deixa de afirmar que “a informação origina precauções maiores”. “Por outro lado, também não altera aquilo que tem a ver com o ambiente mundial relativamente à ameaça do terrorismo islâmico”, acrescentou. “Ela pesa sobre todos os países, em todo o Mundo, e portanto tem que ser considerada”.