62: Culatra: 23 imigrantes detidos
Uma embarcação com 23 imigrantes clandestinos oriundos do Norte de África foi interceptada na ilha de Culatra, ao largo de Olhão. As autoridades portuguesas acreditam que conseguiram recolher todos os ilegais.
O primeiro alerta foi transmitido à polícia marítima por pescadores da ilha da Culatra, na Ria Formosa. O grupo de clandestinos foi avistado a abandonar uma embarcação de pesca cerca das 14h00 de segunda-feira, rumando depois às dunas em busca de esconderijo.
Alguns dos clandestinos apresentavam sinais de desidratação e hipotermia. Os primeiros cuidados de assistência médica foram prestados no cais de Olhão.
Ao início da noite, em declarações à RTPN, a governadora civil de Faro, Isilda Gomes, adiantava que sete dos imigrantes continuavam a ser assistidos pelo INEM ou nos serviços do Hospital Central de Faro. Três debatiam-se ainda com “problemas de hipotermia”.
Para as operações de busca foram destacados um helicóptero da Protecção Civil e meios da Armada, Polícia Judiciária, PSP e INEM.
Os imigrantes que não foram submetidos a tratamento médico ficaram de imediato à guarda do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) no aeroporto de Faro.
Segundo a governadora civil de Faro, os clandestinos sob custódia do SEF deverão ser apresentados às autoridades judiciais na terça-feira.
“Tudo leva a crer que foi um incidente e que Portugal não seria o destino dos imigrantes”, indicou ainda Isilda Gomes. Uma tese corroborada pelo director regional do SEF, José Van der Kellen, em declarações à Agência Lusa: “Continuamos a acreditar que Portugal não fosse o destino objectivado, mas não nos podemos furtar às condições geográficas que tornam possíveis estas situações”.
Admite-se que o destino do grupo de clandestinos fosse o Sul de Espanha.
Fenómeno pode assumir “proporções mais amplas”
Esta é a primeira ocorrência do género nas costas portuguesas. Contudo, o comandante da Armada responsável pelo exercício Able Protector 2007 - operação de treino realizada no mês passado, em Sesimbra, no quadro da Iniciativa 5+5 (Portugal, Espanha, França, Itália, Malta, Marrocos, Argélia, Líbia, Mauritânia e Tunísia) – avisa que o país pode tornar-se, a par de Espanha e Itália, num destino preferencial da imigração clandestina.
“A partir do momento que chegarem as primeiras vagas de imigrantes ilegais à costa portuguesa que não forem detectadas, temo que este fenómeno possa vir a assumir proporções mais amplas”, afirmou o comandante da Esquadrilha de Escoltas Oceânicos da Marinha, citado pela Agência Lusa.
Portugal, sustentou Silvestre Correia, “ainda não é um país de destino preferencial para imigrantes ilegais por via marítima”. Porém, “pode vir a sê-lo quando os outros Estados, como a Espanha, reforçarem o controlo da sua fronteira marítima”.