A faixa litoral de Vale do Lobo, gravemente afectada pela erosão costeira, vai ser alvo de um Plano de Pormenor que deverá começar a ser elaborado em Janeiro.
O Plano de Pormenor do Litoral de Vale do Lobo, que só deverá avançar no terreno no final de 2009, resulta de um protocolo estabelecido entre a Câmara de Loulé, CCRD/Algarve, Administração da Região Hidrográfica do Algarve e o complexo turístico.
A faixa litoral de Vale do Lobo inscreve-se nas zonas designadas pelo Plano de Ordenamento da Orla Costeira (POOC) Vilamoura/Vila Real de Santo António, como sendo de intervenção prioritária.
O Plano de Pormenor será executado em articulação com o Projecto de Intervenção e Requalificação da Praia de Vale do Lobo, prevendo-se, para além das acções na faixa litoral, requalificações urbanas e nos acessos.
Em declarações à Lusa, o presidente do Conselho de Administração de Vale do Lobo, Gaspar Ferreira, disse considerar a erosão a que está sujeita a área "um problema gravíssimo", pelo que é urgente encontrar uma solução de médio longo prazo "em conjunto com o Estado".
Há um ano e meio, a área litoral de Vale do Lobo já tinha sido sujeita a uma intervenção para travar o esvaziamento do areal e a erosão das falésias no valor de dois milhões de euros e totalmente custeada pelo "resort".
Antes disso, em 1998, o Governo subsidiara metade dos 3,5 milhões de euros destinados a realizar a primeira intervenção em Vale do Lobo, que travou a progressão do mar por alguns anos, tendo o complexo pago a outra metade.
Considerando que não devem ser os promotores "a substituir-se ao Estado", Gaspar Ferreira diz que Vale do Lobo deve ser dos únicos casos no país em que um promotor individual se propõe a resolver problemas de erosão costeira.
"Apesar da praia ser um bem público nós é que temos sofrido as consequências e investido muito dinheiro", disse, referindo não ser "sustentável" que seja apenas a empresa a investir para travar a erosão e que é necessária uma solução "mais equitativa".
É nesse sentido que foi estabelecido o protocolo entre a Câmara de Loulé, o "resort" de luxo e a Administração Central, embora Gaspar Ferreira se escuse a adiantar quais as soluções que estão em cima da mesa, por considerar "prematuro".
"Durante a elaboração do plano é que vão ser equacionadas as soluções a adoptar, a relação custo - benefício e as implicações na costa durante as próximas décadas", disse, acrescentando que o complexo apresentou já algumas propostas à tutela.
"Contratámos uma equipa de especialistas que elaborou um relatório que apresentámos ao Ministério do Ambiente e CCDR para que seja parte do Plano de Pormenor que vai ser elaborado", concluiu.
O financiamento previsto para as intervenções, que na faixa litoral se estendem por mais de 80 hectares, ainda não está estipulado, mas pelo menos 500 mil euros já estão em carteira, segundo disse à Lusa fonte da autarquia local.
Segundo a Câmara de Loulé, esse montante está destinado, na componente regional, a planos estruturantes como o que vai ser executado em Vale do Lobo, embora possa não ser suficiente para cobrir toda a intervenção.
Fonte: Observatório do Algarve