46: Bali: diminui possibilidade de países em desenvolvimento aceitarem redução obrigatória de emissõ
Alterações climáticas
A possibilidade dos países em desenvolvimento virem a aceitar reduções obrigatórias de emissões de gases com efeito de estufa (GEE) diminuiu hoje em Bali, na conferência da ONU que discute as formas de combate às alterações climáticas depois de 2012.
“Os compromissos obrigatórios para os países em desenvolvimento não estão fora da mesa de negociações mas estão a resvalar para a borda”, comentou Yvo de Boer, secretário-executivo da Convenção Quadro da ONU para as Alterações Climáticas.
Em Bali estão 190 países para acordar um roteiro de negociações sobre o sucessor do Protocolo de Quioto, que termina em 2012.
Os delegados devem encontrar palavras que agradem tanto aos países ricos – como os Estados Unidos e Japão, que querem ver os países em desenvolvimento a fazerem mais pelo clima – como à China e Índia, que querem ter acesso a tecnologias mais limpas e ajuda financeira para enfrentarem os desafios do clima.
De Boer disse que a maioria dos países ricos parece ter acordado que é demasiado cedo para esperar que os países em desenvolvimento aceitem reduções obrigatórias. Na China, as emissões de GEE per capita são de cerca de quatro toneladas contra as 20 toneladas dos Estados Unidos.
Este fim-de-semana, os ministros do Comércio vão reunir-se à margem da conferência para debater uma proposta da União Europeia e Estados Unidos para reduzir os impostos sobre tecnologias amigas do Ambiente.
De Boer defendeu uma mudança de fundo no mundo das finanças, referindo-se a um relatório da ONU de Agosto segundo o qual são necessários investimentos de 200 a 210 mil milhões de dólares (136 a 148 mil milhões de euros) até 2030, em áreas como as energias renováveis e nuclear, para reduzir as emissões.
Hoje, crianças da Europa, Austrália e Pacífico entregaram um relatório, segundo o qual cerca de 130 mil crianças caminharam uma distância total de 1,5 milhões de quilómetros – o equivalente a dar 36 voltas ao planeta – ao reduzir viagens que, normalmente, envolveriam a utilização de automóvel ou transportes públicos.
Quioto impõe uma redução média de 5,2 por cento das emissões a 36 países industrializados, a níveis de 1990, até 2008-2012.
A conferência ficou marcada pela participação de Christopher Monckton of Brenchley, famoso pela sua posição de negação face às alterações climáticas, que veio “restabelecer a verdade” em Bali.
“Não existem alterações climáticas significativas”, disse o antigo conselheiro da ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher, acrescentando que o Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC, sigla em inglês) multiplica por 20 os efeitos reais do dióxido de carbono na atmosfera. Além disso, defende que o sobre-aquecimento não está ligado à actividade humana.
Fonte: Publico