20: Lagos: Um ano depois das cheias no local
Lixo e entulho entopem ribeira de Bensafrim
Várias banheiras utilizadas para dar de beber aos animais, restos de máquinas de lavar roupa, pneus e os restos de parte de um muro entopem a ribeira de Bensafrim, um ano depois das maiores cheias de sempre ali registadas.
Os moradores da zona temem que as próximas chuvas provoquem problemas ainda maiores, face ao estado em que se encontra aquele curso de água.
“Se vier um dia de chuva forte, como sucedeu a 6 de Novembro do ano passado, os prejuízos serão ainda maiores. Apenas se realizaram obras nos resguardos de duas pontes, nada mais. O leito da ribeira está cheio de lixo e isso deixa-nos muito preocupados”, refere Adriano Barros, que reside na estrada entre Lagos e Bensafrim. Os seus protestos são secundados por vários outros moradores da zona.
A Câmara de Lagos, por seu lado, recusa qualquer responsabilidade. “A competência sobre a limpeza das linhas de água só nos pertence nos aglomerados urbanos, o que não é o caso”, diz o presidente da autarquia, Júlio Barroso.
Em Julho, a autarquia recebeu da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve (CCDRA) um edital, afixado em vários locais, que define as condições para os particulares procederem às limpezas necessárias. “O processo de fiscalização e acompanhamento cabe à CCDRA e não à Câmara”, argumenta Barroso.
Responsáveis da autarquia estiveram ontem à tarde no local visitado pelo CM durante a manhã e comprovaram a existência de todo o material que se encontra no leito da ribeira bem como a derrocada do muro para o curso de água. “Vamos solicitar à CCDRA a remoção do lixo e, caso isso não suceda em breve, teremos de tomar medidas face ao perigo potencial que ali está”, afirmou Júlio Barroso.
TELHADO DEIXA ÁGUA ENTRAR
Alguns moradores afectados pelas cheias de 2006 e pelas fortes chuvas registadas ainda não resolveram na totalidade os seus problemas. “Tenho o telhado muito danificado, já fui várias vezes à Câmara, sei que houve dinheiro para ajudas às vítimas, mas da última vez em que estive na autarquia não me deram resposta”, refere, desiludido, Adriano Barros. O presidente da Câmara, Júlio Barroso, diz que “houve um programa de ajudas e se algumas pessoas não foram contempladas isso sucedeu por dois motivos: ou não se candidataram ou não tinham direito.” O edil lacobrigense refere ainda que muitas das habituações atingidas pelas cheias “foram construídas ilegalmente, sem qualquer tipo de licenciamento.”
José Carlos Campos
Fonte: Correio da Manhã