454: Agência Internacional de Energia quer maior aposta no sequestro e enterro de carbono
Com o crescimento do uso de carvão um pouco por todo o mundo e as necessidades crescentes de energia, as emissões de dióxido de carbono libertadas por este sector podem aumentar 130 por cento até 2050. A solução mais promissora para alterar este panorama é a captura e enterro de carbono, defende a Agência Internacional de Energia.
Num relatório hoje divulgado, este organismo defende que a tecnologia que permite capturar carbono no momento em que é emitido – por exemplo nas chaminés nas centrais térmicas – e enterrá-lo em depósitos geológicos pode reduzir 20 por cento das emissões até 2050. Para isso, empresas e governos têm de incentivar as pesquisas e os projectos demonstrativos, injectando na investigação e testes mais 20 mil milhões de dólares (15 mil milhões de euros).
E devem-no fazer com alguma celeridade já que, diz a Agência, a janela de oportunidade está a fechar-se. Isto porque estas tecnologias não estão apuradas e para terem um custo aceitável têm de ser testadas na próxima década, pelo que o tempo urge, defendeu Nobuo Tanaka, director da AIE. Hoje, apenas quatro grandes projectos estão em testes, mas nenhum está a trabalhar com centrais de produção a carvão.
Existem três processos para sequestrar carbono. Um é fazer a captura após a combustão (o dióxido de carbono é separado dos gases de exaustão), outro é fazê-lo antes da combustão (o combustível é convertido num gás rico em hidrogénio, do qual o dióxido de carbono é separado por absorção física) e o terceiro é a combustão oxifuel com recirculação (o combustível é queimado com oxigénio e dióxido de carbono em vez de ar).
Para o enterrar, estão-se a avaliar depósitos geológicos como jazidas de petróleo ou gás e formações salinas. As que encerram mais promessas situam-se na América do Norte, na Sibéria, no Médio Oriente, no Norte de África e no oceano.
Um dos compromissos assumidos na reunião do G8, que decorreu em Março no Japão, as nações mais ricas aconselharam a que se construíssem 20 projectos de demonstração de larga escala até 2010. Porém, salienta a agência, desde aí pouco ou nada se moveu nessa direcção.
Outro aspecto que é importante melhorar é a legislação que enquadra os projectos de captura e enterro de carbono. Esta necessidade incide sobretudo nos depósitos no oceano, algo que os ambientalistas criticam e sobre a qual a opinião pública mantém dúvidas.
Este alerta da AIE segue-se a um outro estudo de um organismo do Governo americano que põe em causa os planos de Washington de capturar e enterrar carbono dado o longo caminho que falta percorrer. Segundo o GAO (United States Government Accoutability Office), há inúmeras barreiras tecnológicas, económicas, legais e regulatórias. A que acresce a oposição da opinião pública.
Fonte: Publico