455: Menos de 50 à hora nos comboios do Sul
Um estudo sobre as soluções para o transporte ferroviário no Algarve deverá estar concluído em breve, mas o presidente da Grande Área Metropolitana do Algarve (AMAL), Macário Correia, teme que "nada se concretize, como tem vindo a suceder ao longo dos últimos anos."
O autarca mostra o seu descontentamento "com os sucessivos estudos, sem que se dê um passo no sentido da modernização da linha, das composições e das estações. Por este caminho, o atraso nos transportes ferroviários do Algarve, que já é enorme, vai acentuar-se nos próximos anos."
Os receios de Macário Correia prendem-se com "a falta de respostas" da secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino. "Não queremos estudos e sim decisões políticas. Temos insistido no pedido de uma reunião desde Maio sem resultados."
Os prejuízos na exploração da linha do Algarve ascendem a cinco milhões de euros e o número de passageiros (um milhão e 900 mil) tem vindo a manter-se estável, assim como nas ligações de longo curso (600 mil). O não-aumento da procura está associado, segundo Luís Alho, gestor das linhas do Alentejo e do Algarve da CP, a factores como "a reduzida velocidade média – menos de 50 km/h – ou o material circulante utilizado", puxado por locomotivas a diesel com mais de 30 anos. Se a velocidade média aumentasse para 60 km/h "haveria um ganho superior a dez minutos em várias ligações."
O grupo técnico responsável pelo estudo em curso é presidido por Pinheiro Henriques, que só fará declarações sobre o documento "após o entregar à tutela."
METRO LIGEIRO É PRIORIDADE PARA MACÁRIO
A construção de uma ou duas linhas de metro ligeiro de superfície é entendida por Macário Correia como "uma prioridade para o serviço ferroviário no Algarve", havendo várias possibilidades em aberto. "Entre Portimão e Lagos e Faro e Tavira existem todas as condições para a implementação desse serviço, mas numa perspectiva diferente, no que concerne à localização das estações", diz Macário. "O Algarve mudou no último século e o comboio precisa de ir ao encontro dos passageiros e não o contrário." O líder da AMAL destaca ainda "a importância de um investimento na ligação a Espanha, com efeitos benéficos para o turismo."
PORMENORES
PIOR TROÇO
A ligação entre Olhão e Vila Real de Santo apresenta-se como o troço em piores condições e onde a velocidade média é mais lenta.
RAMAL DE LAGOS
Após um acidente que vitimou quatro pessoas em Novembro de 1997, o sistema de sinalização foi melhorado em 2004 e não implica a intervenção humana.
FARO-OLHÃO
O último investimento de algum vulto na linha do Algarve foi feito neste troço, em 1992.
Fonte: Correio da Manhã