393: Almargem preocupada com abandono da Fonte da Benémola
Associação ambientalista defende plano de gestão conjunta daquele sítio classificado do Barrocal algarvio. Especulação imobiliária, aumento do número de visitantes e ausência de intervenções justificam alerta.
A Associação Almargem está preocupada com o estado de abandono e com os interesses imobiliários que estão a surgir à volta do sítio classificado da Fonte da Benémola (Loulé) e quer ver decretados quais os usos compatíveis com aquela zona do Barrocal.
Para concretizar esse objectivo, a associação ambientalista já se disponibilizou para, em conjunto com a Fundação Manuel Viegas Guerreiro, a autarquia louletana e as juntas de freguesia locais, avançar com a concretização de um plano de gestão e intervenção.
Segundo a Almargem, esta será a forma «mais eficaz» de se definirem os usos futuros daquela zona classificada, até agora tutelada pelo Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade (ICNB), mas cuja gestão tem sido «distante».
«Até agora, têm sido os funcionários do Parque Natural da Ria Formosa a assegurar a gestão do espaço, o que, na verdade, se limita mais a uma fiscalização, já que a capacidade de intervenção no terreno é pouca», alertou o dirigente da Almargem Luís Brás, em declarações ao «barlavento».
Para tentar uma gestão de proximidade – e não por uma entidade com competências sobre o litoral, como até agora sucede – a Almargem propõe a reclassificação daquela zona com a figura de «Monumento Natural».
O objectivo? Aproveitar as inovações trazidas pelo recente decreto-lei 142/2008, que permite que este tipo de património seja gerido localmente por uma entidade como uma autarquia.
Além disso, prossegue Luís Brás, a criação do Sítio Classificado da Benémola e da Rocha da Pena (regulamentados pelo mesmo decreto-lei) «foi feita há dezassete anos e muita coisa mudou entretanto».
Neste momento, não está ainda decidido se o futuro plano de gestão vai ou não abranger as duas áreas, já que ambas estão em pontos distintos do concelho.
De qualquer forma, essa será uma questão avaliada pelo ICNB e pela Câmara de Loulé, embora a Almargem entenda que, por uma questão de recursos, possa seguir-se o modelo de gestão comum.
Considerando que, «sem dinheiro, será impossível gerir eficazmente o espaço», Luís Brás lembra também que ambas as áreas estão em condições de beneficiar do seu enquadramento rural e sugere a captação de fundos do Quadro de Referência Estratégica Nacional (QREN).
O Sítio Classificado da Fonte Benémola situa-se nas freguesias de Querença e Tôr e ocupa uma área de 392 hectares.
A área é atravessada pela Ribeira de Menalva, que é abastecida por algumas nascentes, o que permite conter água em cerca de 60 por cento do seu leito durante a época estival.
Fonte: Barlavento Online