Os autarcas de Silves e Lagoa, os concelhos mais afectados pelo temporal de sexta-feira, estimam os prejuízos em quase cinco milhões de euros, devendo o Governo aprovar os mecanismos para apoiar as vítimas no próximo Conselho de Ministros.
Em comunicado divulgado hoje no final de uma reunião com os autarcas, o Governo reiterou "a intenção de apoiar no mais curto prazo possível as famílias e os municípios afectados, através dos instrumentos legais apropriados", cuja resolução deverá ser aprovada no próximo Conselho de Ministros.
No encontro entre os autarcas de Silves, Rogério Pinto, e de Lagoa, José Inácio Eduardo, e os ministros da Administração Interna, Miguel Macedo, e dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, foi apresentado o relatório de levantamento dos danos causados pelo temporal.
Segundo os autarcas, no concelho de Silves, os prejuízos nos bens públicos ascendem a 1,6 milhões de euros e nos privados os 2,1 milhões de euros, enquanto no concelho de Lagoa os danos totalizam 350 mil euros no público e 1,1 milhões de euros no privado.
"Foi feito um relatório preliminar" sobre os danos "no privado e no público", mas "não há compromissos nenhum", sendo que "os mecanismos legais, que serão criados na quinta-feira, é que irão determinar o que serão os apoios do Governo", indicou o presidente da Câmara de Silves, Rogério Pinto, à saída da reunião.
Por sua vez, o autarca de Lagoa, José Inácio Eduardo, mostrou-se preocupado com "o enquadramento jurídico" para "responder" aos prejuízos dos privados, nomeadamente nos casos das "viaturas e das habitações".
"Da parte dos recheios [das casas] e sempre que estejam em causa questões de ordem social, o Governo tem abertura para a sua discussão, dado que há enquadramento", realçou.
O autarca alertou para os casos em que as vítimas "não têm seguro" e outras, que mesmo "tendo seguro, por qualquer circunstância, este não responde a situações destas".
Nesse sentido, disse que será feita uma "avaliação local e particular em cada caso", o que "vai obrigar à feitura da caracterização da situação" para se celebrarem "os contratos sociais de apoio".
O tornado que na sexta-feira se fez sentir em Lagoa e Silves provocou 13 feridos, três deles graves, e 12 desalojados. Cerca de uma centena de habitações, telhados, automóveis e autocaravanas foram danificados pela força do vento.
Em Silves, o temporal causou danos avultados nas piscinas municipais, que estão inutilizadas, no edifício da câmara e do mercado municipal e também no Estádio do Silves Futebol Clube, cujo muro e bancadas desabaram.
No concelho de Lagoa, o mau tempo provocou sobretudo estragos na zona nova da cidade, uma área maioritariamente residencial, tendo destruído a fachada de entre 70 a 80 apartamentos, segundo a câmara.
TRABALHOS DE LIMPEZA CONTINUAM
Os trabalhos de limpeza e recuperação das casas e estruturas danificadas pelo tornado prosseguem nos concelhos de Silves e Lagoa, envolvendo populares e funcionários dos dois municípios. Já não há operacionais da Protecção Civil no terreno, confirmou o responsável do Comando Distrital de Operações de Socorro de Faro, Abel Gomes.
No pico das operações, durante a tempestade, na tarde de sexta-feira, estiveram envolvidos 231 bombeiros algarvios, a que se juntou uma equipa de força especial de bombeiros, GNR e um grupo de reforço do distrito de Beja. A GNR e voluntários garantiram a segurança das casas danificadas até à chegada dos proprietários – há apenas registo de uma moradia assaltada, em Carvoeiro. A actuação dos voluntários e forças no terreno foi reconhecida pelos autarcas de Silves e Lagoa e ainda pelo bispo do Algarve.
"RAJADAS SUPERIORES A 200KM/H"
O tornado que sexta-feira atingiu os concelhos de Lagoa e Silves registou "rajadas superiores a 200 km/hora", disse ao CM Paulo Pinto, do Instituto de Meteorologia, que ontem estava a ultimar o relatório sobre o fenómeno.
De acordo com o meteorologista, o tornado atingiu uma magnitude "entre F2 e F3 na escala de Fujita", que mede este tipo de fenómenos (vai de F0 (poucos danos) a F5 (danos impensáveis). O nível F3 corresponde a um tornado ‘severo’. "A escala baseia-se nos danos observados", explicou Paulo Pinto, segundo o qual o tornado, no seu trajecto "entre Carvoeiro e uma zona a Norte de Silves", foi "mais forte em Lagoa e Silves". E, frisou, "não se podia prever. Só o mau tempo".
Fonte: CM